Carlos Roberto dos SANTOS: Iluminação bíblica e magisterial do Papa Francisco sobre a questão ecológica

Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras’ […] Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos pensando que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos” (cfr. LS n. 1-2).

Apesar da preocupação com o destino universal dos bens e da preocupação com as profundas e rápidas mudanças que a inteligência e as atividades humanas estavam provocando no mundo, e que se estendiam progressivamente ao universo inteiro, podemos perceber que os padres conciliares ainda não perceberam a problemática da ecologia. Vários documentos retomam este princípio do destino universal dos bens:

Deus destinou a terra, com tudo que ela contém, para o uso de todos os homens e povos, de tal modo que os bens criados devem bastar a todos, com equidade, sob as regras da justiça, inseparável da caridade” (GS n. 69).

Mas já ai, colocavam bases para um futuro “desenvolvimento sustentável” onde os mais ricos têm a obrigação moral de socorrer os mais pobres, não somente com o que lhes é supérfluo. Esta perspectiva provocaria a necessidade de “prever o futuro, estabelecendo justo equilíbrio entre as necessidades atuais de consumo, individual e coletivo, e as exigências de inversão de bens para as gerações futuras” (GS n. 70).

Leia o documento completo em PDF: Iluminação bíblica e magisterial do Papa Francisco

Inácio José do VALE: Homens sem convicçôes, templos sem pessoas

Em um artigo para a revista ‘First Things’, o autor católico e biógrafo de São João Paulo II, George Wiegel, pediu para abordar o que ele considera uma fonte de secularismo radical mais importante que as razões econômicas ou sociais frequentemente citadas: a renúncia particular às verdades da Fé e o enfraquecimento da pregação do Evangelho. A tese do escritor é claramente resumida no título do texto: “Homens sem convicções, templos sem pessoas“.

“O abandono em massa da Europa de sua Fé Cristã é muitas vezes explicado como o subproduto inevitável da vida social, econômica e política moderna. Mas há muito mais na história da euro-secularização do que isso”, indicou Wiegel, que citou o exemplo de várias notícias recentes nas quais os ministros religiosos fizeram declarações públicas sobre sua falta de Fé. O escândalo de um sacerdote que substituiu o Credo por uma música na Itália e outro que cancelou as Missas de dos dias 1º e 06 de janeiro em protesto pelo suposto “apoio exclusivo de uma economia capitalista e consumista” no Natal são graves indicadores da crise pessoal que desemboca na crise geral.

Para o autor, “a secularização não é algo que simplesmente aconteceu com a Europa Ocidental, como a Peste Negra”. Em vez disso, “a secularização radical que transformou o coração do cristianismo no meio continente religiosamente mais árido do planeta tem ao menos tanto a ver com a redenção covarde dos ministros do Evangelho às modas teológicas e políticas, e sua consequente perda de Fé, que com o impacto da urbanização, a educação de massas e a revolução industrial na compreensão dos próprios sobre si mesmos”. A consequência de uma debilidade pessoal no anúncio do Evangelho é evidente: “Se o Evangelho não é pregado com convicção – a convicção de que a humanidade precisa da salvação e de que Jesus é o Salvador que nos liberta para a plenitude de nossa humanidade e nos dá a vida eterna – então o Evangelho não será crido”.

Se os fiéis continuarem repetindo as acusações das piores lendas negras elaboradas contra a Igreja, se não existe uma denúncia das distorções do Evangelho feitas pelo mundo ou se cai na transformação da Fé na promoção de ideologias políticas, é natural que os templos estejam vazios, explicou. “O cristianismo está morrendo na Europa Ocidental”, lamentou Wiegel. “Mas o Evangelho tem poder, e aqueles que acreditam nisso, e o pregam com a convicção que pode transformar e enobrecer vidas, ainda podem obter uma audiência. De fato, a medida que a pós-verdade se descompõem em formas cada vez mais estranhas de irracionalidade, a verdade purificadora e libertadora do Evangelho e a visão da vida bem vivida que se encontra nas bem-aventuranças devem ser uma oferta convincente”, concluiu. “Mas a oferta deve ser feita”.

Crise de Fidelidade Doutrinal

Durante uma recente visita à Bélgica, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, concedeu uma entrevista ao informativo ‘Cathobel’, na qual destacou a importância de manter a fidelidade a Cristo e nutrir a Fé através do encontro com Deus na oração. Para o purpurado, estas condições são mais importantes para a Igreja do que manter o número de seus membros. O Prefeito destacou uma crise de Fé “não somente no nível do Povo de Deus, mas inclusive entre os líderes da Igreja”, recordando o caso de um sacerdote que se recusou publicamente a recitar o Credo na Eucaristia por considerar que já não acredita mais em seu conteúdo. “Há também uma grande crise sacerdotal”, acrescentou. “Não porque não haja sacerdotes suficientes. No século VII, o Papa Gregório Magno já disse que havia muitos sacerdotes. Hoje são 400 mil sacerdotes. Mas os sacerdotes realmente vivem sua vocação?”.

O purpurado lamentou o distanciamento da civilização ocidental de suas raízes cristãs e alertou sobre o profundo perigo que isto significa. “Não somente o Ocidente está perdendo sua alma, mas está se suicidando. Porque uma árvore que não tem raízes está condenada à morte”, expôs. “Creio que o Ocidente não pode renunciar as raízes que criaram sua cultura, seus valores. Creio que é uma crise, mas qualquer crise acaba um dia, com sorte, de todos os modos”. O Prefeito destacou sintomas como a legalização e a imposição do aborto, que demonstram como perder a visão de Deus altera a percepção sobre o ser humano. “Estou seguro de que se o Ocidente, se a Europa renuncia completamente à sua identidade cristã, a face do mundo mudará tragicamente”.

Conclusão

Esses são os grandes desafios para o sistema religioso: as conquistas espaciais, o progresso da ciência, o avanço tecnológico, engenharia genética, clonagem, ideologia de gênero, a potência da internet, o império capitalista, a desigualdade social, o megamercado da fé, a depressão, o suicídio, a cultura de morte, a máfia da pornografia, a indústria dos vícios e a ausência do amor que no vazio existencial será preenchido pelo ódio. Todas essas ações serão demolidoras do sagrado. “A Elite Mundial” – “Os Senhores do Poder Capitalista”, conectada com “A Elite Mundial do Poder Religioso”, vão dominar os quatro poderes para uma plataforma articulada de fé, doutrina e tolerância, em nome de uma falsa paz ecumênica, de um acordo pacífico entre as religiões e de um relativismo com os seguimentos ideológicos. Não terá espaço para ortodoxia do Evangelho de Cristo. A ostentação do supermercado do sagrado é a espetacularização litúrgica, celebrações midiáticas e a convivência com líderes sem fé, almas perdidas e templos vazios.

Os quatro poderes são: econômico, político, religioso e bélico. Esses poderes existem para manter “A Elite Capitalista e Religiosa” no controle de seus luxos e no domínio das massas. O maior obstáculo para essas “Elites” é usar toda a sua máquina e de todos os meios para calar a boca dos profetas, eliminar radicalmente qualquer resistência, seja notória, silenciosa ou a resistência sem líder, ou seja, qualquer pessoa que tem o discernimento libertador em prol do bem comum. Esse ser pensante não está agregado a grupos, movimentos e nem tão pouco a instituição. É o mártir sem reconhecimento. A consciência em prol da dignidade da pessoa humana será para poucos e o seu legado chama-se: “Batismo de Sangue”.

Frei Inácio José do Vale
Professor e Conferencista
Sociólogo em Ciência da Religião
Doutor em História do Cristianismo
Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas – Charles de Foucauld

Fontes:

PDF: homens-sem-conviccoes-templos-sem-pessoas

Inácio José do VALE: Jovens ateus.

Ateus já representam 19,4% da população de jovens brasileiros

Pesquisa feita pela PUC do Rio Grande do Sul sobre a geração Y (pessoas solteiras na faixa de 18 a 34 anos) revela no item religião que os ateus são o segundo maior grupo, representando 19,3% desse extrato da população, abaixo dos católicos, com 34,3%.

Em terceiro lugar estão os evangélicos (14,9%), seguidos pelos espíritas (14,9%), pelo com fé sem religião (6,7%) e agnósticos (6,2%).

Os jovens ateus estão concentrados no Sul e Sudeste. Ateísmo, agnosticismo e fé sem religião representam juntos, 32,14% ou quase um terço do total do segmento.

Geração Y é um conceito sociológico para delimitar as pessoas que nasceram na época da explosão da internet, com abundância de informação e facilidade em seu acesso.

Para 92,9% desses jovens, de acordo com a pesquisa da PUC, o item mais importante no dia a dia é ter acesso à internet.

Geração Z dos EUA tem 35% de não afiliados à religião

A Geração Z (pessoas nascidas entre 1999-2015) é a que apresenta o menor engajamento religioso.

Do total, 35% não estão afiliados a nenhuma crença organizada.

Em relação à Geração Milênio ou Y (pessoas nascidas entre 1980 e 1998), os não afiliados são 30%.

A pesquisa é do Barna Group, uma organização cristã.

A Geração Z é tida como a primeira “pós-cristã”.

Entre esses jovens, o número de ateus corresponde a 13%, que é o dobro da população adulta do país.

Metade dessa geração tem a percepção de que as igrejas rejeitam muitos dos ensinamentos científicos.

Na Islândia, nenhum jovem crê que mundo foi criado por Deus

O percentual de jovem de até 25 anos da Islândia que creem que o mundo foi criado por Deus é 0%. Mais de 40% dos jovens afirmam que são ateus.

Do total deles, 93,9% acreditam que o criador do universo é o big bang, 6,1% não têm opinião ou acha que a criação se deu por outros meios.

Conclusão

Santo Anselmo de Cantuária deu a uma sua obra o título de Fides quaerens intellectum, “Fé em busca da inteligência”. Esta obra é mais conhecida por Proslogion. Onde não há fé e razão a superstição e a negação da ortodoxia prevalecem. A ausência do estudo científico entre a juventude é um fato que merece ação e epistemologia continuada.

Disse São João Bosco: “Os jovens não só devem ser amados, mas devem saber que são amados. A primeira felicidade de um menino é saber-se amado”. Onde não há amor não há Deus e onde não há afetividade não há acolhida. Amor, fé, inteligência e espiritualidade configuram profundidade na alma dos jovens. Haverá sempre a busca das razões da interioridade e da transcendência. O coração dos jovens clama pela verdade, pelo testemunho coerente, pela vida autêntica de caridade e pela ética intelectual dos líderes religiosos. Amor e inteligência dão sentido a vida de fé e de comunidade.

Frei Inácio José do Vale
Professor e Conferencista
Sociólogo em Ciência da Religião
Doutor em História do Cristianismo
Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas – Charles de Foucauld

Fontes:

PDF: ateus-ja-representam-19.4-da-populacao-de-jovens-brasileiros