Por trás de cada vacina Covid-18 existe uma grande e intelectualiísima mulher. José Inácio do VALE

Por trás de cada vacina Covid-19, existe uma grande e intelectualíssima mulher

A cientista britânica Dra. Sarah Gilbert, diretora do grupo de Oxford, ela realmente foi em frente, estudando vetores virais por décadas para combater – entre outras coisas – a MERS: o coronavírus do Oriente Médio a partir do qual Oxford partiu para desenvolver tão rapidamente a vacina usada hoje contra o Covid.

Dra. Sarah é uma vacinologista britânica que é professora de vacinologia na Universidade de Oxford e co-fundadora da Vaccitech. Ela é especializada no desenvolvimento de vacinas contra influenza e patógenos virais emergentes. Ela liderou o desenvolvimento e teste da vacina universal contra a gripe, que passou por testes clínicos em 2011. Em 30 de dezembro de 2020, a vacina COVID-19 que ela co-desenvolveu com o Oxford Vaccine Group foi aprovada para uso no Reino Unido.

Se recebemos as primeiras doses da primeira vacina BioNTech dez meses depois do aparecimento do coronavírus, é também porque a Dra. Katalin Karikò há trinta anos não desistiu de seu trabalho, apesar dos golpes. Nascida em uma impronunciável cidade húngara – Kisújszállás – mantida entre dormitórios e bolsas de estudo na Universidade de Szegen, ela trocou a Hungria pelos EUA em 1985 com seu marido, uma filha de dois anos. Ninguém jamais acreditou em seus estudos sobre o RNA e possíveis aplicações no campo das vacinas. Só em 2013 conseguiu levar suas patentes para a empresa alemã BioNTech, da qual atualmente é vice-diretora (depois de também ter recebido uma oferta de trabalho da Moderna). Nada de pressa, cada frasco injetado hoje tem atrás de si a história pessoal, os fracassos e depois a capacidade de dezenas de pesquisadores de se superarem.

A cientista Katalin é uma bioquímica húngara especializada em mecanismos mediados por RNA. Sua pesquisa tem sido o desenvolvimento de mRNA transcrito com vitro para terapias com proteínas. Incrível seu trabalho na Universidade da Pensilvânia, BioNTech.

Do outro lado do Atlântico, na parceira da BioNTech, a multinacional Pfizer, trabalha a mulher que a Nature incluiu entre os dez cientistas de 2020: a Dra. Kathrin Jansen, diretora de pesquisa e desenvolvimento de vacinas da empresa, mãe de vacina contra papilomavírus. Com os 650 membros de sua equipe, ela coordenou em tempo recorde os testes da vacina de RNA desenvolvida pela BioNTech, de abril a novembro.

A cientista alemã Kathrin é Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas da Pfizer. Anteriormente, ela liderou o desenvolvimento da vacina do HPV (Gardasil) e de versões mais recentes da vacina pneumocócica conjugada (Prevnar). Completou seu doutorado na Universidade de Marburg, onde estudou as vias químicas em bactérias. Depois de obter seu diploma, mudou-se para a Universidade Cornell como bolsista de pós-doutorado da Fundação Alexander von Humboldt.

Na Novavax, outra empresa estadunidense que está prestes a desenvolver um remédio para a Covid, encontramos a Dra. Nita Patel, diretora de desenvolvimento da vacina. Ela também mostra o quão longe a ciência pode ir, quando você se empenha com tenacidade. Nascida na aldeia de Sojitra, no estado indiano de Gujarat, Patel, vem de uma infância de miséria, com seu pai incapacitado por tuberculose quando ela tinha 4 anos. E é justamente com uma vacina contra essa doença que Patel começou a trabalhar, antes de se jogar no turbilhão da Covid.

A cientista Nita Patel é uma renomada pesquisadora responsável pelo imunizante – que usa um inovador sistema de células de mariposa para produzir proteínas. Durante sua trajetória, apesar de todos os desafios, sua excelência acadêmica a impulsionou para a faculdade com bolsas do governo. Mais tarde, ela conseguiu dois títulos de mestrado, na Índia e nos Estados Unidos, em microbiologia aplicada e biotecnologia. Sua genialidade, por sinal, anda junto a uma memória fotográfica incrível: ao dirigir, Nita precisa ter cuidado para não olhar para os números das placas, ou irá memorizá-los. Agora, desde que a pandemia chegou, ela afirma: “meu dia simplesmente não acaba. E é o mesmo com todos os outros aqui”, disse à revista Science. Ainda assim, Nita projeta serenidade e bom ânimo para o futuro. “Para mim, nada é impossível. Então, tendo essa mentalidade, honestamente, nada me estressa”, finalizou.

Para uma profunda reflexão

Marie Curie (1867-1934), foi uma cientista e física polonesa naturalizada francesa, que conduziu pesquisas pioneiras em todo o mundo no ramo da radioatividade. Foi a primeira mulher a ser laureada com um Prêmio Nobel.

Ela disse: “Cada pessoa deve trabalhar para o seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, participar da responsabilidade coletiva por toda a humanidade”.

De forma colossal, parabenizo essas grandes e intelectualíssimas mulheres que sacrificam suas vidas, trabalham incansavelmente e com tamanha responsabilidade, realizam ciência em prol da saúde da humanidade. Meus sinceros elogios, reconhecimentos e monumental honras a essas renomadas mulheres!

Dr. Inácio José do Vale
Psicanalista Clínico, PhD
Qualificado em Psicologia Clínica e Educacional
Pós-graduado em Psicologia nas Organizações com Habilitação em Docência no Ensino Superior pela Faculdade Educamais de São Paulo-SP.
Psicologia, Educação e Desenvolvimento pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo-SP.
Doutorado em Psicanálise Clínica pela Escola de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea. Rio de Janeiro-RJ. Esta é reconhecida e cadastrada na Organização das Nações Unidas – ONU (United Nations Department of Economic and Social Affairs).
Autor do livro Terapia Psicanalítica: Demolindo a Ansiedade, a Depressão e a Posse da Saúde Física e Psicológica

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Texto 5. O diálogo no intinerário espiritual do irmâo Carlos. Jean-François BERJONNEAU

Jean-François BERJONNEAU, France

O Irmão Carlos viveu sessenta anos antes do Concílio Vaticano II.

A noção de diálogo inter-religioso tal qual ouvimos atualmente na Igreja era totalmente estranha para ele. Embora eu acredito que ele tenha sido um precursor das aberturas do Concílio à dimensão universal da missão da Igreja, o processo de diálogo entre os crentes cristãos e os muçulmanos enquanto tal não se enquadra nessas categorias. Ele viveu com a teologia de seu tempo, com medo de se juntar aos muçulmanos para salvar “essas almas ignorantes”, fazendo-as conhecer a Cristo.

Além disso, ele desempenhou seu ministério em um contexto sócio-político específico. A França, em sua época, estendia seu império colonial sobre parte da África. Na época, muitos acreditavam que ela estava fazendo um trabalho civilizador e que poderia fornecer a educação necessária para libertar os povos colonizados da pobreza e da ignorância. O irmão Carlos aderiu a este objetivo. Ele, portanto, não via no Islã de seu tempo uma religião com consistência própria, com sua história e suas diferentes correntes, com algumas das quais os cristãos pudessem dialogar.

Embora o Islã tivesse exercido sobre ele, num determinado momento de sua vida, um certo fascínio e o encontro com os muçulmanos constituísse para ele uma etapa não desprezível no caminho de sua conversão, ele estava longe de concordar com a visão conciliar do Islã segundo a qual “A Igreja olha com estima os muçulmanos que adoram o Único Deus, vivo, misericordioso e todo-poderoso, criador do céu e da terra, que falou com os homens …” (Nostra Aetate nº 3). Não foi, portanto, na problemática teológica do Concílio Vaticano II, que reconhece nas religiões não cristãs a presença de “sementes da Palavra” que podem constituir uma base para entrar em diálogo com os crentes de outra religião.Portanto, não se encontrava na problemática teológica do Concílio Vaticano II, que reconhecia nas religiões não cristãs a presença de “sementes da Palavra” que podem constituir uma base para entrar em diálogo com os crentes de outra religião.

Sem dúvidas, parece-me que podemos considerar o Irmão Charles como um precursor do diálogo. Pois ele instituiu com as populações muçulmanas que conheceu, em particular com os tuaregues, um “diálogo de vida” que foi então apresentado pela encíclica “Ecclesiam Suam” do Papa Paulo VI em 1964, como base fundamental para qualquer diálogo: “Não podemos salvar o mundo exterior; como a Palavra de Deus que se fez homem, devemos assimilar, em certa medida, as formas de vida daqueles a quem queremos levar a mensagem de Cristo … Devemos compartilhar seus usos comuns, desde que sejam humanos e honestos, especialmente os costumes dos mais pequenos, se quisermos ser ouvidos e compreendidos. Antes mesmo de falar, é necessário escutar a voz, e mais ainda, o coração do homem … Devemos fazer-nos irmãos dos homens … O clima de diálogo é a amizade” nº 87.

Assim, o Irmão Charles, dedicando toda a sua energia e grande parte do seu tempo para aprender a língua dos tuaregues com os quais compartilhava a vida, desenvolvendo conversas muito simples sobre a realidade do seu quotidiano, abrindo-se a eles, à sua poesia e, assim, procurando entender a genialidade deste povo, soube abrir, pelo diálogo com os seus anfitriões, um clima de confiança a tal ponto que se tornou, para muitos, “um amigo”. Assim, mostrou que a missão da Igreja é também suscitar irmãos, respeitando as diferenças culturais ou religiosas, como a Igreja fez posteriormente em muitos países do planeta, impulsionada pelas aberturas do Concílio Vaticano II.

Podemos, portanto, reconhecer, como padres membros da Fraternidade sacerdotal Jesus Caritas, que o Irmão Carlos nos abriu uma espiritualidade de diálogo que ainda pode nos inspirar nos encontros que vivemos não só com os muçulmanos, mas também com todos aqueles que não compartilham nossa fé. Assim, o caminho de diálogo que ele abriu com os tuaregues desdobrou-se em vários movimentos fundamentais:

  • Ele soube distanciar-se de tudo para mergulhar no país do outro. Ele realizou este movimento que o Papa Francisco chama de “uma Igreja em saída”. Ele queria ser acolhido por essas pessoas e tornar-se, tanto quanto possível, “um deles”. E fez do aprendizado da língua deles (os tuaregues) uma obra mística, porque isto tinha, para ele, o sentido da encarnação de Cristo nesta humanidade que ele veio salvar.
  • Embora seu maior desejo fosse que os muçulmanos se convertessem à fé cristã, ele nunca exerceu qualquer pressão para alcançar seus objetivos. Ele sempre respeitou a liberdade deles. Em 1908, ele reconheceu que não faria nenhuma conversão e concluiu que provavelmente não era a vontade de Deus. Mas ele permaneceu no meio desse povo tuaregue em nome da aliança que fizera com eles, simplesmente para avançar no caminho da fraternidade com eles.
  • Seu objetivo: tornar-se amigo do outro. Em uma carta que endereçou a um correspondente, ele caracterizou o modo de relacionamento que queria adotar com os muçulmanos ao seu redor: “Primeiro, preparar o terreno em silêncio por meio da bondade, do contato íntimo, exemplo; amá-los do fundo do coração, ser estimado e amado por eles; Desse modo, quebrar preconceitos, ganhar confiança, adquirir autoridade – isso leva tempo – depois falar em particular aos mais dispostos, com muita prudência, e, pouco a pouco, de várias maneiras, dando a cada um conforme sua capacidade de receber.” Não podendo anunciar explicitamente o Evangelho, ele quis fazer de sua própria pessoa a presença do Evangelho. Era isso o que ele entendia quando disse que queria “gritar o Evangelho não com as palavras, mas com toda sua vida”
  • Ele soube adaptar-se à maneira como Deus olha para os muçulmanos que conheceu. Ele não os viu primeiramente como “infiéis” ou “descrentes”, mas, em seu desejo de se tornar um irmão universal, ele os considerou “irmãos amados, filhos de Deus, almas redimidas pelo sangue de Jesus, amadas almas de Jesus ”
  • Ele manifestou o rosto de uma Igreja diaconal. Ele não somente morou com eles, mas também contribuiu, na medida de suas possibilidades, para a melhoria de suas condições de vida e para o desenvolvimento do país. Ele lutou contra a escravidão, combateu as doenças, introduziu a medicina, novas técnicas agrícolas e meios de comunicação neste país tão pobre.
  • Sempre que pôde, ele abriu um diálogo espiritual com os muçulmanos. Claro que ele não aderiu à doutrina do Islã de forma alguma. Mas ele reconheceu nela um ponto em comum com a fé cristã: o duplo mandamento de amar a Deus de todo o coração e de amar o próximo como a si mesmo. Com base nisso, ele desenvolveu numerosos diálogos com seus amigos muçulmanos, mostrando-lhes em várias circunstâncias como esse duplo mandamento poderia se desenvolver em suas relações diárias.
  • Finalmente, e este não é um dos menores elementos do diálogo, ele fez do mistério pascal o caminho real para o diálogo. Pois, contemplando constantemente a vida de Cristo em Nazaré, como Ele percorreu o caminho da humildade, da pobreza, da escuta e do morrer para si mesmo no encontro com o outro. Ao longo de sua vida, ele demonstrou que “não há maior amor do que dar a vida por aqueles que você ama.”

Apresentando-se como “um pioneiro”, mostrou-nos que o diálogo da vida faz parte integrante da missão da Igreja.

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