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(Español) Noticias y Comunicaciones nº 300
Irmão do meu inimigo. Aurelio SANZ BAEZA
A oficina de nosso coração tem ferramentas para manter, para reparar quando existe uma deterioração, para pôr em dia ou até para criar os bons sentimentos. Ás vezes não encontramos a ferramenta, ou estão desordenadas, ou rotas, ou precisamos de outras novas que são difíceis de conseguir. Também às vezes utilizamos a ferramenta errada, porque pensamos que é mais fácil lidar com esta. A oficina do coração pode estar avariada, com fugas, ou sem ventilação, pode ficar pequeno ou nem sempre está limpo. É provável que em certas épocas a nossa oficina tenha estado “fechada por férias”. Pela oficina do coração passam todos os dias os sentimentos danificados, as desconfianças para os outros, o orgulho ferido, o ego posto em ridículo e as decepções. Formas, cores, percepções muito diversas.
Uma vez escutei uma pessoa que me dizia: “As canas tornam-se lanças”, referindo-se á grande decepção da “nulidade amistosa” de alguém que pensava ser um grande amigo. Depois de perder a amizade pode chegar essa desconfiança, não só para com essa pessoa, mas com outras que se nos tornam suspeitosas. “O coração limpa-se, ordena-se, purifica-se. De que coisas? Das falsidades que o sujam, das dobras de hipocrisia, todos as temos, todos. São doenças que magoam o coração, que turvam a vida, fazem que seja dupla. Precisamos ser limpos de nossas falsas seguranças, que regateiam a fe em Deus com coisas que passam, com as conveniências do momento.” Papa Francisco na Missa em Erbil, Irak, 7 março 2021.
Escutamos frequentemente “nunca lhe vou perdoar isto”, “no confies em ninguém”, “pensa mal e não errarás”… Com o Evangelho nas mãos, sabendo que é um chamamento permanente à fidelidade, porque Jesus, o Mestre, o Senhor, perdoou, confiou e não teve nenhum sentimento negativo para com ninguém, não podemos aceitar como norma de vida a desconfiança, a suspeita, embora seja c ompreensível porque somos seres humanos e não robôs programados para uma conduta determinada.
Passam por nossa vida muitas pessoas, algumas ficam, outras simplesmente passam. Conforme onde estivermos e vivermos, vemos todos os dias realidades humanas diversas, algumas delas requerem nossa atenção por causa de nosso trabalho ou convívio em um lugar comum ou vizinhança, e outras realidades são externas ao nosso dia a dia mais próximo.
As áreas de conflito ou de bom entendimento são variáveis conforme a nossa psicologia, cultura, idade… Em cada um de nós existe um mundo diferente ao dos outros e por isso, diferentes modos de resolver ou superar as dificuldades de convivência, amor familiar ou comunitário, espírito de trabalho em comum ou relação de amizade.
Se nossa vida entra em conflito com uma ou várias pessoas, a oficina de nosso coração tem que produzir uma grande quantidade de respeito e de responsabilidade para nos situarmos onde devemos estar, com o diálogo possível, compreendendo as razões dos outros, sem as julgar. É melhor reparar que botar fora. E se fechamos portas, tal vez ficaremos encerrados nós mesmos dentro, com a chave fora.
Porque:
Quando cremos que nunca se vai romper uma amizade, e ela se rompe
Quando nos situamos em cima de qualquer outro
Quando nos cremos melhores que os outros
Quando na vida se tornam mais pesados os fracassos que os triunfos
Quando nos consideramos o inimigo de nós mesmos
Quando nos faz doer que haja gente que não se compromete como nós,
Quando não estamos maduros para encaixar as derrotas,
Então,
Utilizemos a ferramenta da humildade, olhemos para Jesus abandonado, ferido.
O Papa Francisco, na missa em rito caldeu na sé de São José de Bagdad o dia 6 de março de 2021 disse: “Se eu viver como pede Jesus, que coisa ganho? Não corro o risco que os outros me esmaguem? Vale a pena a proposta de Jesus? Ou é um fracasso? Não é fracasso, mas sabedoria. E a sabedoria é irmã gémea da humildade,
Se nos encontrarmos com situações nas quais, mesmo tendo perdoado e esquecido a oficina de nosso coração não consegue fazer mudanças na vida pessoal ou a daqueles que se afastaram de nossa afeição, de nossa fraternidade, de nossa amizade e confiança, do nosso acolhimento, sentiremos de novo a derrota… Não podemos mudar os outros. Aceitar a situação exige-nos um grau de maturidade que nos levará a estar em paz conosco próprios.
Quando nos consideramos “filhos pródigos” de nossos irmãos, e voltamos onde nunca deveríamos haver feito o adeus, quando a outra pessoa nos estava esperando, a oficina do coração fica livre de tralhas velhas e que não prestam, limpa das teias de aranha dos preconceitos , dando tempo ao tempo, sem vencedores nem vencidos.
Que possa ser irmão de meu inimigo, com a alegria interior, não de ter a consciência tranquila por ter feito as coisas o melhor possível, mas aquela que da a paz ao coração , que é reparado pela caridade e o amor, então brotará a alegria que indica o equilíbrio em nossos sentimentos. Um desafio, o desafio de Jesus que nos chama a perdoar setenta vezes sete e a ser perdoado outras tantas.
(Tradução de Josefa FELGUERAS) (Boletín Iesus Caritas, 210)
(Italiano) Beati i poveri in spirito. Giorgio PISANO
(Español) Horeb-Ekumene, septiembre 2021
(Italiano) Piccolli Fratelli Jesus Caritas, agosto 2021
(Español) La fraternidad universal. Fernando TAPIA
(Français) Charles de FOUCAULD, histoire d’une conversion
(Français) 1936. L’appel du silence
Escrito acerca das fraternidades. 1980
Escrito acerca das fraternidades provávelmente de 1980,
Original aportado por um irmão da fraternidade de Espanha
RESUMO de nossos intercâmbios
Carlos de Foucauld escrevia em Beni-Abbès em 1902: “Quero habituar todos os habitantes: cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras a considerar-me como seu “Irmão Universal”.
Isto pareceu-nos um elemento essencial de sua mensagem. Como é que o vivemos? Eis aqui alguns elementos importantes que se podem tirar de nossos intercâmbios:
1) Não se pode falar de universalidade sem estar enraizado num ambiente muito concreto como esteve Jesus de Nazaré.
O encontro profundo na amizade com uma pessoa concreta põe-nos em comunhão com todo um meio ou todo um povo. Fazendo nossos tantos sofrimentos dos pobres, unimo-nos ao que é universal no coração do homem. Assim saberemos facilmente encontrar, em todas as situações, o homem universal.
2) Em nossos grupos concretos – fraternidades, etc. faz-se a aprendizagem da universalidade na atuação da diversidade de temperamentos, de maneiras de viver, de situações, de opções, etc. A pessoa não escolhe seus irmãos, suas irmãs, De igual modo, numa família, os pais devem aceitar a diversidade de seus filhos. Saber escutar, parece primordial por completo para acolher o outro em sua originalidade.
3) Esta aceitação, para ser autêntica, deve ser aprofundada na verdade, na clareza, a fim que cada um seja reconhecido e admitido no que ele é, em seu destino próprio ou seu compromisso, mesmo que nos pareça muito estremo. É necessária a “Revisão de Vida” em profundidade, para situar-se perante a comum vocação de nosso grupo.
4) Querer viver a Universalidade faz-se frequentemente no sofrimento, porque isto implica incompreensões e ruptura, encontro de obstáculos, de tensões, ou de impossibilidades. Como amar os ricos quando a pessoa sofre com os pobres? Como num caso concreto chegar ao perdão? Assim, como quando sentimos a nossa impotência perante os enormes problemas do mundo.
Todo isto obriga-nos a viver a Universalidade na esperança, impulsada na oração. Quando tudo nos ultrapassa, é o momento de pedir a Deus que Êle acompanhe meu irmão.
5) A universalidade não é natural. Chega-nos somente através de Cristo; nele encontramos a unidade de todos os homens. Na oração as barreiras ficam abolidas. A oração eucarística e a oferenda do sofrimento, em união com o mistério redentor, têm uma eficácia de alcance universal.
6) Uma ação universal é impossível. Mas nosso coração deve chegar a ser universal: todos os homens são nosso próximo, nossa responsabilidade está engajada com cada um deles.
Ser universal não é somente o respeito ao outro, ao pobre, ao não-cristão, e mais especialmente a nosso irmão muçulmano, mas também a humildade que permite aprender do outro, ser transformado e evangelizado por ele.
Estamos tentados pela autossuficiência, que nos impede renovar nossas relações humanas, e sentir que temos sem cessar necessidade dos outros.
Teremos a ilusão de crer que somos universais porque possuímos uma vasta informação: a cultura intelectual não é suficiente, é preciso humildade e realismo.
Os Responsáveis das Fraternidades
(Traduçâo da Irm Josefa FALGUERAS. Muito obrigado)