Papa Francisco pede resistência perante “colonizações culturais” que querem eliminar Deus.
O cristão deve dar testemunho diante das “colonizações ideológicas e culturais” que são autênticas blasfémias e suscitam perseguições, ao mesmo tempo em que procuram erradicar as tradições e a fé, frisou o papa.
As “novidades” que se introduzem nas sociedades chegam a considerar normal “matar as crianças” ou perpetrar “genocídios” para “eliminar as diferenças”, com o propósito de serem “modernas”, apontou Francisco na missa a que presidiu, no Vaticano, 21/11/2017.
A “modernidade” é uma verdadeira colonização cultural, uma verdadeira colonização ideológica. É por isso, prosseguiu Francisco, que “para defender a história, para defender a fidelidade do povo, para defender as tradições, as verdadeiras tradições, as boas tradições do povo, se erguem resistências”. Não temos de ir muito longe para ver alguns exemplos: pensemos nos genocídios do século passado, que eram um fenómeno cultural, novo: “Todos iguais, e estes que não têm o sangue puro são postos fora… Todos iguais, não há lugar para as diferenças, não há lugar para os outros, não há lugar para Deus”, afirmou.
“As colonizações ideológicas e culturais só olham para o presente, renegam o passado e não olham para o futuro: vivem no momento, não no tempo, e por isso não podem prometer-nos nada”. Ao insistirem em “fazer todos iguais e eliminar as diferenças, cometem o pecado tremendo de blasfémia contra o Deus criador”, pelo que “de cada vez que chega uma colonização cultural e ideológica peca-se contra Deus criador porque se quer mudar a criação como Ele a fez”.
Contra este fenômeno que aconteceu tantas vezes ao longo da história só há um remédio: o testemunho, isto é, o martírio. Há alguns, como Eleazar (2 Macabeus 6, 18-31), que dão o testemunho da vida, pensando no futuro, na herança que darão com o exemplo.
Na maior parte dos casos o testemunho de vida: eu vivo assim, sim, dialogo com aqueles que pensam de outra maneira, mas o meu testemunho é assim, segundo a lei de Deus, segundo aquilo que Deus me ofereceu, apontou. “Que este exemplo nos ajude nos momentos talvez de confusão perante as colonizações culturais e espirituais que nos são propostas, concluiu o papa Francisco”.
O célebre teólogo Papa Bento XVI já falava muito do perigo da ditadura do relativismo. E o que seria? Uma mentalidade, uma cultura sem Deus, que vai se impondo no mundo, que quer expulsá-Lo do mundo, e que diz o seguinte: Não existe a verdade. A verdade, cada um faz a sua. Se aquilo é bom para você, então é uma verdade para você.
“Se Deus não existe, tudo é permitido” do romance Os irmãos Karamazov, do grande filosofo russo Fiódor Dostoiévski.
Se “tudo é permitido” as mais cruéis incompatibilidades são resolvidas com a eliminação dos fracos e dos indesejados.
Eis aqui nossa resistência contra a cultura de morte e a nossa luta pela dignidade da pessoa humana.
Dr. Frei Inácio José do Vale
Professor e Conferencista
Trabalha como Psicanalista Clínico na Associação Espaço Vida-Cidade de Goiás/GO
Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas
Frade da Fraternidade de Charles de Foucauld
Fontes: