Jacques GAILLOT às vezes dizia: “Se restasse apenas um padre na diocese, eu o nomearia capelão da prisão. Era uma prioridade para ele.
Foi aí que viveu esta preferência evangélica pela ovelha perdida.
Foi aí que pôs em prática esta audácia de Cristo que consiste em deixar as 99 ovelhas do redil para ir em busca daquela que se perdeu por caminhos perigosos.
E aceitou que eu assumisse o ministério de vigário geral enquanto capelão da prisão para não perder a relação com os excluídos.
Da mesma forma, ele escolheu Roland DOLLÉ como vigário geral em conexão com seu ministério como capelão do hospital psiquiátrico.
Para ele, a prisão era o lugar onde a Igreja podia estar em contato direto com o grito dos excluídos, dos marginalizados, dos “espancados pela existência”, como dizia o abade Pierre.
E ele se deixou tocar por esses gritos.
E ele nunca deixou de mostrar-lhes sua aprendizagem, apesar de seu passado pesado.
Temos vivido uma bela porqueria neste ministério que consiste em ser testemunhas de esperança para aqueles que tanto carecem dela e que às vezes pensam que não têm mais futuro.
Claro, ele veio celebrar a missa nos feriados principais com esta paróquia intramuros.
E nos encontrávamos pela manhã antes de partirmos para a Maison d’Arrêt no jardim do bispado para colher as flores na primavera para enfeitar o quarto que servia de nossa capela.
Mas também gostava de participar das reuniões de capelania, de ouvir o sofrimento, os gritos de revolta, as perguntas abismais feitas por essas pessoas que aguardavam julgamento.
E eu me lembro que em certos momentos ele saía da sala da capelania explicando que ele não estava ali só para os caras que frequentavam a capela, mas para os outros também.
E ia com a chave da capelania ao encontro dos presos qualquer que fosse sua religião, sua origem ou o delito cometido em suas celas.
Vivia ali em breves visitas onde exercitava a sua extraordinária capacidade de se colocar ao alcance das pessoas, de as compreender e de lhes mostrar esta amizade que lhes dava confiança e que lhe permitia ouvir tantas confidências.
E ele não estava apenas com isso.
Ele também sabia se molhar e se empenhar em contribuir para a reintegração dos caras que saíam da prisão.
Ele chegou a abrir alguns quartos no segundo andar do bispado para acomodar os homens que saíam da prisão como parte da associação Pause café.
Não foi fácil porque um dia ele foi chamado por um joalheiro de Évreux a quem um de seus anfitriões tentou revender sua cruz peitoral que ele havia roubado do bispado.
Ele também carregou essa preocupação em parceria com associações como Pause café, o casaco. habitat e humanismo, o alívio católico para contribuir nessa longa jornada do obstáculo representado pela reintegração.
Por fim, nunca deixou de desafiar todas as comunidades cristãs reunidas em sua diocese sobre a capacidade de se abrirem a essas angústias dos excluídos e de concretizarem solidariedades concretas.
Ele disse :
“Nossa Igreja carece da pobreza do risco.
Quais são as nossas ousadias agora?
A Igreja é serva quando, de fato, está do lado dos imigrantes, dos desempregados, dos presos, dos excluídos, das minorias…
A credibilidade obriga a ser verdadeiro em qualquer situação.
Quando você faz as coisas, você não pode trapacear.
Se a Igreja não serve, é inútil”.
Obrigado, Jacques, por ter servido a nossa Igreja diocesana, colocando os pobres no centro da comunhão fraterna.
Convosco, compreendemos que uma Igreja só pode ser fiel à Boa Nova de Cristo estando em estreita solidariedade com todos aqueles que o mundo despreza.
PDF: Jacques GAILLOT. Testemunho de Jean-François BERJONNEAU pt