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Carta de Páscoa 2016, irmâo responsável
Queridos irmãos,
a nossa Páscoa, marcada pelos acontecimentos terroristas em Bruxelas, Yemen, Iraque e ultimamente em Lahore, não deve ficar reduzida a um conjunto de tristes notícias, de sensações de impotência ou de medos acumulados. É a Páscoa que Jesus nos oferece vencendo a morte, e por isso um chamado a vencer todas as mortes, as pessoais e as sociais. Mas sem fechar os olhos perante a realidade. Rolemos as pedras do medo, a falta de fé, a auto-compaixão, o preconceito perante o Islão ou os muçulmanos de boa fé que todos conhecemos. Rolemos as pedras que nos apresam ou apresam os outros, e ponhamos em Jesus Ressuscitado o olhar, um olhar que não está isento de medos, como o olhar das mulheres que vão ao sepulcro de Jesus, como o olhar de seus próprios discípulos. Medo humano, compreensível. Lhes resulta difícil aceitar que a situação mudou, mas o Espírito vai levando-os a olhar Jesus com a alegria de um bom amigo que se encontra com outro. Feliz Páscoa a todos, a toda a gente com quem nos relacionamos, a todos os amigos com problemas, a todas as famílias e fraternidades. O irmão Carlos escreveu o próprio dia de sua Páscoa que é preciso morrer para dar vida. Seu centenário é um chamamento contínuo a contemplar o que pode carecer de sentido para muita gente, que só vive do dinheiro, da segurança, de estar tranquilos sem se sentirem magoados pela dor alheia. Que Jesus Ressuscitado nos ajude a converter a água amarga em um bom vinho que alegre a festa e a vida do dia a dia, a vida de Nazaré.
Nosso irmão Giuseppe COLAVERO viveu ontem á tarde sua Páscoa e encontro com o Pai. Nos sentimos tristes por ter perdido este irmão querido e lutador pelos mais necessitados, o fundador e a alma de AGIMI, o bom pastor de seu povo. Nos unimos a sua gente, á fraternidade de Itália. Há já vários meses seguimos a evolução de sua doença, e o glioblastoma cerebral acabou com sua vida, mas não com seu espírito generoso e lutador em favor de tanta gente a quem ajudou. Também há poucas semanas deixou-nos nosso irmão Hermann STEINERT, de Alemanha. Os dois estão junto do Senhor contemplando seu rosto e seu coração de Pai. Hermann e Giuseppe nos protegem e ajudam. Sua fraternidade conosco não terminou.
Encorajo-vos a viver esta Páscoa com la alegria dos perdoados, dos filhos amados do Pai, do irmão mais novo que aprende do irmão mais velho, Jesus, o Senhor. Com a alegria á qual nos convida o papa Francisco. Desde Europa nos sentimos feridos, mas não derrotados; envergonhados pelo drama dos refugiados sírios que não encontram a porta aberta, como seres humanos com todos seus direitos. Como integrar estas realidades dolorosas em nosso anúncio e missão? Os governos europeus acordam por milhões de euros deixar esta gente entregue a outro país. Os pobres incomodam, enchem as ruas, sujam, põem sua tenda entre nós, brigam também entre eles, caem nas máfias que controlam seu futuro…
Que dizemos como cristãos, como pastores em nossas paróquias? Quem tem a palavra exata para criar esperança sem falsos discursos, sem atraiçoar o Evangelho? Encorajo-vos a contemplar tudo isto na adoração, ante Jesus, que foi emigrante, que teve que fugir com sua família, que foi também um refugiado e, antes de sua morte, um preso. Contemplemos como nesta Páscoa não podemos ficar indiferentes perante ninguém; nosso silêncio seria uma cumplicidade com a injustiça. Carlos de FOUCAULD, desde sua amizade com Jesus, -o abandonado na cruz, o que nos procura á beira do lago, o que vive na cabana do mais pobre, no campo de refugiados, ou junto a uma cerca de espinhos metálicos nas fronteiras, ou ante o cartaz de “proibida a passagem”, ou “só para sócios”-, põe-nos Jesus Ressuscitado como grão que cai em terra e da muito fruto.
Escrevo-vos esta carta acompanhando uma doente num hospital. Tudo me fala de humanidade e de Jesus; no sorriso e o olhar de tanta gente; nas caras preocupadas de outras pessoas; no silêncio de quem cala sua dor e de quem dorme. Partilho convosco este momento contemplativo como a Páscoa da alegria que vence o pranto, dos valores humanos e cristãos que estão em muita gente e que, desde o silêncio e a festa em seu coração, despertam em nós o sorriso, e cremos que outro mundo é possível, e que essa pessoa é meu irmão ou minha irmã, e que ninguém consegue silenciar os amigos de Jesus, que o aclamam como Senhor e como companheiro de caminho, lá onde estiverem.
Um gran abraço de Páscoa com a alegria de ser vosso pequeno irmão.
Aurelio SANZ BAEZA, irmão responsável
Hospital Rafael Méndez, Lorca, Murcia, Espanha,
29 de março de 2016, terça feira da Oitava de Páscoa
(Muito obrigado, irmãzinha Josefa, para a tradução)
Carta de Jean-François e Aurélio, Vernon, março 2016
Queridos irmãos,
durante esta semana trabalhamos em casa de François MARIN, em Vernon, que cuida de nós como um irmão mais velho. Seu jeito fraterno e acolhedor dá-nos coragem para trabalhar tranquilamente, com paz.
Recordamos todas as fraternidades, os irmãos com problemas, a Igreja da que formamos parte; oramos pelos seres humanos que sofrem e nos alegramos com realidades de fraternidade que são cada vez mais vivas e fiéis ao Evangelho. Compartilhamos a manhã da primeira jornada com a fraternidade de Jean-François, orando juntos, fazendo a Revisão de Vida e reconfortados pelo almoço. Foi uma alegria abraçar Michel PINCHON e os irmãos.
NOSSAS FRATERNIDADES
A experiência da primeira assembleia pan-americana em México deu-nos muita luz em nosso trabalho. As conclusões, que estão publicadas em nosso site iesuscaritas.org , -Carta de Cuernavaca, Crónica e Propostas- falam da vida, de um presente, com chamados e propostas não só para as fraternidades de América, mas para as de todo o mundo. Desejamos a Fernando TAPIA, recente responsável continental de toda a América, tudo o melhor neste serviço á fraternidade, assumido com alegria.
Alegramo-nos com as fraternidades em formação: Haiti, Bolívia, Colômbia, e as possibilidades de novas fraternidades em Senegal e Zimbabwe. Estudamos a maneira de ajudá-los para apoiar suas iniciativas.
A morte de Hermann, de Alemanha, causou-nos tristeza e ao mesmo tempo esperança, porque era para nós um irmão querido e admirado. Preocupa-nos a saúde de Giuseppe, em Itália, e oramos por ele sentindo muito perto toda a fraternidade italiana.
Cada vez é mais urgente desde o carisma do irmão Carlos viver Nazaré e a fraternidade universal em nossos ministérios pastorais, nas paróquias, seminários, nas capelanias de hospitais, prisões, centros de acolhida para pessoas em precariedade. Sentimo-nos obrigados a realizar um documento de reflexão sobre este aspeto, quer dizer, como ser sacerdote da fraternidade com esse estilo de Nazaré em nosso trabalho e relações de cada dia.
CHAMADOS
Como parte da equipe internacional, recebemos as propostas da assembleia pan-americana e comprometemo-nos a torna-las realidade. Pedem-nos um diretório do Mês de Nazaré, que sirva para todos os países, tendo em conta as peculiaridades sociais e culturais locais. Nos pomos em comunicação com Manuel POZO, da fraternidade espanhola: ele vai realizar este documento que publicaremos o mais brevemente possível.
Um chamado a viver este ano do Centenário da Páscoa de Carlos de FOUCAULD, como expressão da vida de um homem santo que nos ajuda a nós e a toda a Igreja a viver a fraternidade universal, a pesar das múltiplas mostras de ódio entre os homens, o sofrimento criado pelas guerras, o exílio dos deslocados no mundo; o chamado do papa Francisco a viver a Misericórdia com o coração y as mãos, e não a través de ritos e formas clericais de remédios fáceis para a consciência da gente, mas com nosso compromisso para a reconciliação ativa entre os homens.
O trabalho de Javier PINTO, teólogo xileno, laico da fraternidade, “Apaixonados por Deus e pela humanidade. O Papa Francisco e as grandes intuições de Charles de Foucauld”, publicado em nosso site, em espanhol, francês e inglês, que serviu de base para grande parte da reflexão na assembleia pan-americana, encorajou-nos a olhar a realidade do carisma do irmão Carlos em nós e na Igreja, e sua inquestionável atualidade, especialmente neste Ano da Misericórdia.
Quinta feira, 17, Aurelio foi a Paris para se entrevistar com Jacques GAILLOT, e foi para ele um grande dom de Deus conhece-lo pessoalmente. Seu estilo próximo e simples, profético e evangélico é um bem para a Igreja y para a fraternidade. Pessoas assim, que, sem fazer barulho, continuam no trabalho pelo Reino com os mais pobres, comprometido em favor dos últimos, desenvolvendo um trabalho de presença e ação em coletivos de marginados ou pessoas que necessitam ser escutadas, são as pessoas que precisamos. Seu encontro com o papa Francisco foi um reconhecimento a seu intenso trabalho nas periferias, as geográficas e as existenciais, e nos vai ajudar na fraternidade internacional com suas comunicações e testemunhos. Obrigado, Jacques, por tua disponibilidade para este serviço ás fraternidades.
PARA UN FUTURO IMEDIATO
Em julho deste ano teremos a assembleia de Ásia em Filipinas. Animamos os irmãos dos países asiáticos a participarem nela e desejamos um bom trabalho a nosso irmão Arthur, responsável continental, e a equipe de preparação.
Também o Mês de Nazaré programado em Estados Unidos em julho deste ano, e animado por Mark, e o Mês de Nazaré em Inglaterra no mês de agosto, organizado por Donald, nos levam a orar pelos irmãos que estarão aí e que terão a ocasião de viver em fraternidade a oração, o deserto, a revisão de vida, o trabalho manual y o compartir tudo o que os anima em seu ministério pastoral e em suas vidas pessoais.
Depois das jornadas em Viviers em julho 2015, o espírito nascido nas mesmas, sobre o tema “Sacerdotes diocesanos, servidores do encontro entre muçulmanos e cristãos”, nos leva a seguir este compartir entre as fraternidades da Europa e as fraternidades presentes no Magreb e no Sahel, neste tempo tão propício á tensão e a todos os extremismos: o encontro entre muçulmanos y cristãos é urgente e indispensável. Devemos seguir este caminho de diálogo na vida, como o irmão Carlos o abriu em Beni Abbès e Tamanrasset.
Para todas as atividades da fraternidade internacional (assembleias continentais e mundial, Mês de Nazaré, viagens da equipe internacional) a caixa internacional deve ter recursos. De novo lembramos a necessidade de compartir para poder realizar tudo o previsto, como solidariedade entre as diferentes regiões.
Preparamos a documentação da Memória da Fraternidade Sacerdotal Iesus Caritas, de março 2015 a março 2016, para a Congregação do Clero, conforme a nosso compromisso com esta instituição após a aprovação recebida em abril do ano passado.
Fizemos uma aproximação aos temas a tratar no próximo encontro da equipe internacional em outubro, em Kansas, EEUU, acolhidos por Mark, e desejamos encontrar-nos de novo com alegria nesse ambiente de fraternidade no trabalho e a partilha de nossas vidas, e ao serviço de todas as fraternidades.
Confiamo-nos a vossa oração, a presentar a Jesus todos os dias a fraternidade, embora não nos conheçamos todos, a vida dos irmãos, seus projetos, sua saúde, suas inquietudes, suas alegrias. Um grande abraço fraterno nestes dias próximos á Pascoa.
Vernon, Normadía, França, 18 de março de 2016
(Obrigado, irmãzinha Josefa, para a tradução)
(Español) Carta de Cuernavaca, febrero2016
(Français) Aux amis du diocèse 16
(Español) Mariano PUGA, feliz Navidad
(Español) Carta de Aurelio a la Fraternidad de Italia, 21 diciembre 2015
(Español) Adventsbrief 2015, broeder verantwoordelijke
Carta de Advento, 2015, irmâo responsáve
Queridos irmãos,
com o Advento temos um espaço importante para a nossa renovação pessoal e comunitária dos valores do evangelho que devemos integrar em nossa vida: esperar o Messias preparando a casa interior; esperar com os irmãos e irmãs de nossas comunidades preparando um lugar aberto para o acolhimento, sem nos fecharmos pelos medos, os preconceitos ou a sensação de sermos únicos em fazer bem as coisas; esperar com alegria porque o Menino uma vez mais se faz menino e não adulto; esperar neste Ano da Misericórdia, neste ano também do Centenário da Páscoa do irmão Carlos, que os homens sejam misericordiosos e que deixem de fazer-se mal, morte, sofrimento, seja pelos fundamentalismos religiosos ou por desprezo ávida dos outros e seus direitos. Os valores da paz, o diálogo, o perdão, a tolerância, a misericórdia, não são os mais cultivados em nosso mundo. Só os temos em conta quando temos o perigo perto ou são recortados os nossos privilégios. Temos ás vezes a sensação que nada pode mudar, ou que tudo é cada vez pior. O papa Francisco nos convida a sair de nossos pessimismos, derrotas, desconfianças… Que o Messias nos traga essa paz, o fim da dor dos refugiados de guerra, o fim do tráfico de armas, de seres humanos, de droga e de riquezas que tornam pobres os mais pobres. Que o Messias de Deus nasça mais uma vez na Maria dos mais pequenos e humildes, e que sejam restabelecidos a alegria, os Direitos Humanos, o pão e o sorriso. É tão triste ver nestes dias famílias que fazem fotografias com armas na mão, até crianças, para felicitar o Natal a seus amigos ou familiares. Triste e patético, mas real.
O Advento é um tempo propício para aproveitar o dia de deserto para deixar-nos levar pelo Senhor; tempo de esperança e de renovação interior. O deserto nos põe cada um em nosso lugar, sendo conscientes de nossas limitações e misérias. O deserto no Advento tem o gosto da espera do amigo ou do familiar na estação do comboio, ou dos ónibus, ou num aeroporto; vejamos Jesus descer a escadinha, ou aparecer com muita gente com sua ligeira equipagem e levantando a mão para dizer “aqui estou, obrigado por esperar-me, por vir buscar-me”. “Em nenhum lado se pode escutar melhor que no deserto o chamado de Deus a cambiar o mundo. O deserto é o território da verdade. O lugar onde se vive do essencial. No há lugar para o supérfluo. No se pode viver acumulando coisas sem necessidade. Não é possível o luxo nem a ostentação. É decisivo buscar o caminho certo para orientar a vida”. (Comentário de J.A. PAGOLA a Lc 3,1-6) Jesus está perto.
Todas as notícias que chegam acerca do início do Centenário do encontro definitivo com o Pai do irmão Carlos, em tantas partes do mundo, entre a gente simples e nas fraternidades de toda a Família de Carlos de FOUCAULD, me enchem de alegria e de esperança; todos estamos chamados a viver profundamente o que é o Abandono; poder dizer com o coração na mão “faz de mim o que quiseres”. Desprendamo-nos do medo ao inesperado. Abramos a porta a quem chega. Viver o Centenário desde o carisma que nos une como Família é cultivar a amizade com a gente, é estar com quem precisa de nós, é viver segundo o Evangelho. Como dissemos na Carta de Perín da equipe internacional, é aprofundar nesta mensagem de fraternidade universal de Carlos de FOUCAULD, tão necessária para nosso mundo e nossa Igreja, valorando o que recebemos dos más simples e dos que sofrem onde quer que seja.
Temos que dizer em nossas paróquias que os homens de Deus, como o irmão Carlos, têm muito que dizer, parar além das mensagens tristes, das mensagens superficiais ou frívolas, dos chamados á segurança pessoal ou ao consumo e ostentação. Carlos de FOUCAULD comenta assim Mt 5,3 (“Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o Reino dos Céus”): “Esperemos! A salvação está perto; o céu está perto… Uma só coisa basta: ser pobre de espírito… Pobre de espírito é ser verdadeiramente pobre no fundo de nossa alma; verdadeiramente desprendido de tudo, não só dos bens materiais, do desejo deles, mas esquecer-se de si mesmo, ter a alma vazia de todos os desejos terrenais… Vazia de tudo e cheia de Deus… Por Deus teremos estes desejos para os outros… Mas tudo por Deus: só Ele nos há de encher”.
Vivemos com preocupação a visita do papa Francisco a África, como mensageiro de paz e de misericórdia. Partilhámos o seu encontro com outras culturas e com o Islão; este homem corajoso que leva Jesus onde quer que vá, embora seja como chefe de Estado em ocasiões e cercado de segurança, dá-nos esperança e a alegria de estar no trabalho pelo Reino como presbíteros diocesanos. A misericórdia que dá a ver com sua vida, nos passos que fazem renovar a Igreja para que realmente seja a Igreja de Jesus, as dificuldades que encontra dentro da própria Igreja, no há dúvida que é ação do Espírito. Unamos nossa oração por ele e por tudo o que dele vamos receber com sua palavra e testemunho neste Ano da Misericórdia.
Unamos também nossa oração para que as conclusões do Sínodo da Família abram a Iglesia para avançar na luta pela vida, a vida das pessoas, as que se enganaram em seus matrimónios, as que são mal vistas por sua condição sexual, as pessoas que se sentem e são cristãs mas não se ajustam ao modelo estabelecido. Todos nós conhecemos divorciados, separados, gente de fé, que até agora se sentiram marginados pela Igreja. Poderíamos pensar: de quantos irmãos sacerdotes ou amigos ou amigas estamos divorciados? Por quê ás vezes temos como inimigos aqueles que partilham nosso ministério? O que é que rompe a comunhão eclesial, as ideias ou as pessoas que não nos agrada que tenham essas ideias ou atitudes?
No Sínodo da Família esteve presente e não só com sua voz, mas também com seu voto, Hervé JANSON, prior geral dos Irmãos de Jesus: temos que lhe agradecer seu testemunho de família de Nazaré e sua coragem para romper esquemas “de boa conduta”.
Obrigado, Hervé, pela simplicidade com a qual expressavas esta fraternidade universal de estar com os mais pequenos, em fidelidade ao carisma de Carlos de FOUCAULD e como pessoa que vive o Evangelho nos últimos lugares. Nazaré não é só uma referência para nós; é também o modelo de comunidade doméstica e paroquial, de fraternidade.
Recordando nossos irmãos doentes, recordando os irmãos em países em guerra, ou em situação de extrema pobreza, recordando todos, desejo-vos de coração um Advento de renovação e um Natal onde deixemos que Jesus se torne presente em nossa vida, nas decisões, em nossas relações, em nosso trabalho.
Vosso irmão
Aurelio SANZ BAEZA, irmão responsável
Perín, Cartagena, Murcia, Espanha, 8 de dezembro de 2015,
solenidade da Imaculada Conceição de Maria e início do Ano da Misericórdia
(Obrigado, irmãzinha Josefa, para a tradução)
Carta de Perín, outubro 2015
CARTA DE PERÍN
EQUIPE INTERNACIONAL
FRATERNIDADE SACERDOTAL JESUS CARITAS
Perín, Espanha, outubro 2015
Queridos irmãos,
Emmanuel, Jean-François, Félix, Mark, Maurício e Aurélio vivemos nosso encontro anual em Perín, Cartagena, Espanha, na casa de Aurélio, celebrando seu aniversário de 60 anos. Com o olhar em vocês, em todos os irmãos das fraternidades e vivendo entre as pessoas que nos acolheram e animaram, compartilhamos nossa alegria de estar juntos e trabalhar unidos, como um presente do Senhor. As pessoas nos aeroportos de Alicante e Murcia nos viram chegar com alegria e distribuindo abraços de se reencontrar como família.
O QUE VIVEMOS?
Desde a oração comum das Laudes, a adoração e a Eucaristia, acompanhados pela chuva do outono, nos sentimos fortalecidos pela oração de vocês, pela interceção do beato Carlos de FOUCAULD e pelo testemunho profético do papa Francisco no Sínodo da família que acompanhamos de perto.
Tivemos um encontro com o bispo de Cartagena, José Manuel LORCA PLANES e também um almoço com a familia de Carlos de Foucauld de Murcia, acolhidos pela fraternidade secular e as imazinhas de Jesus, -tendo a presença da irmã Anita, conselheira da equipe de Tre Fontane em Roma- e a fraternidadesacerdotal. Assim nos sentimos em comunhão eclesial e unidos com o carisma do irmão Carlos que é para nós um homem de Deus e nos chama ao centenário de sua Páscoa coincidindo com o Ano da Misericórdia, convocado pelo papa Francisco. Tudo isto nos diz de um intinerário de conversão ao diálogo, não apenas entre nós, mas também ao presbitério diocesano ao qual pertencemos e a um diálogo com pessoas de outras religiões e não crentes. É um apelo à conversão recíproca e ao respeito mútuo. Queremos dialogar e não impor nossa opinião. Desde Viviers surge esta convicção importante de nosso Carisma.
Nos relacionamos e celebramos com muita gente de Perín. Gente amável, próxima e cordial. Aprendemos de suas experiências familiares da vida cotidiana, numa atitude de escuta como irmãos e irmãs. Nos impressionou as eucaristias nas duas residências de idosos em Perín. Eles são na sociedade Européia e Ocidental os grandes excluídos da cultura do descartável. Suas vidas nos comunicaram que Deus está presente em todas etapas da existência: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Neste Nazaré não há prazo de validade.
Vimos de perto os projetos da Fundação Tienda Asilo de San Pedro de Cartagena, onde trabalha Aurélio. Tivemos um contato próximo com as pessoas que atuam nesta obra e também a equipe de voluntários e pessoas atendidas em suas necessidades. Esta simplicidade de Nazaré nos possibilitou estar com pessoas portadoras de soro positivo, dependentes químicos em recuperação, encarcerádos e moradores de rua, marcados pela exclusão social. No entanto agora podem viver dignamente e recuperar uma parte de sua vida e saúde. Vivem como uma grande família que assume as consequências quando a vida é um problema. Sentimos que nos querem bem, mesmo sem nos conhecerem.
QUAIS APELOS RECEBEMOS?
São muitos os apelos recebidos: o principal é viver o centenário do irmão Carlos não como memorial do passado e sim como celebração que atualiza a mensagem da fraternidade universal. O papa Francisco tem citado várias vezes o testemunho do Ir.Carlos de Foucauld: em Laudato Si (n.125) o apresenta como exemplo evangelizador; na vigília do sínodo da família como inspirador e modelo da família de Nazaré. Suas constantes referências ao Ir.Carlos nos enchem de alegria. Podemos afirmar que nossa comunhão com o magistéio do papa Francisco é cem por cento.
Também intuimos o apelo de aprofundar o mistério de Nazaré com atitude que une contemplação, proximidade com os pobres e experiência de nossa fragilidade como lugar de acolhida ao poder do crucificado-ressuscitado. Somos chamados a viver a fraternidade universal de modo real, sem fazer teorias sobre a vida e as pessoas.
Outro apelo é dar prioridade ao dia de deserto, pois constatamos que o deserto mensal é difícil para nós presbíteros absorvidos pela lógica do ativismo pastoral e da eficácia, como funcionários do sagrado. Assim deixamos o deserto para outro dia, o que deriva um mau hábito. Sempre pensamos em fazer, fazer e fazer, mas pouco em escutar e deixar-se encontrar pelo Senhor.
Sentimos o apelo de estar e ir as ´periferias geográficas e existênciais´ tendo contato com situações de fragilidade humana. Nao podemos negar nossa vocação de ministros ordenados, chamados a anunciar a boa notícia, não como laboratório pastoral ou turismo espiritual e sim para estar com os últimos. Desde Nazaré, o Senhor Jesus nos convida a ser seu vizinho com seu problema de saúde, de solidariedade e de pobreza. Ele viveu num povo pobre, oprimido e esquecido. Se não estamos com os pobres não sabemos o que nos quer comunicar Jesus. Fizemos também uma releitura da Laudato Si e Misericordiae Vultus (n.15).
Seguindo, sentimos um apelo a conversão renovando nosso conceito de misericórdia: ser testemunho do amor de Deus. Recordamos um texto bíblico tão caro ao Ir.Carlos: “Basta-te minha graça. A força se realiza na fraqueza” (2Cor12,9).
O QUE ESTUDAMOS E PLANEJAMOS…
Partilhamos sobre a próxima Assembleia Panamericana em Cuernavaca, México, de 15 a 20 de fevereiro de 2016: participarão as regiões de Québec-Acadie, Estados Unidos, México, República Dominicana, Brasil, Argentina e Chile, também um representante da fraternidade que está se formando no Haiti e outro irmão de Guatemala. Todos irão se encontrar pela primeira vez fora da assembleia mundial. Destacamos positivamente o trabalho de coordenação de Fernando TAPIA, responsavel do Chile. Ele tem recebido as respostas de todos questionários preparados pelas regiões. Desde já agradecemos a acolhida dos irmãos Mexicanos. Devido ao controle do governo não conseguimos comunicar com os sete irmãos de Cuba, que junto aos irmãos de Jesus formam uma fraternidade.
A próxima assembleia da Ásia será em Filipinas, em julho de 2016: Arthur, responsavel da Asia, está já trabalhando com os irmãos de lá. No mês de Nazaré em Myanmar em julho passado, foi possivel o contato com muitos irmãos da Asia. Isto possibitou reforçar os vínculos de pertença a fraternidade. Há fraternidades como Malasia, Indonesia e Austrália que temos poucas notícias. Ao Arthur pedimos, como responsável, que procure comunicação com estes irmãos.
Bastante tempo dedicamos ao estudo da nossa próxima assembleia internacional, de 15 a 30 de janeiro de 2019 em Bangalore, India. Temos três anos para definir objetivos, metodologia e conteúdos.
Expressamos nossa prece e preocupação com a saúde de alguns irmãos muito queridos: Michel PINCHON, Giuseppe COLAVERO, Tony PHILPOT, Howard CALKINS… Nos sentimos em comunhão com eles, sobretudo em seus momentos difíceis. Que não falte nossa oração e carinho.
Mark nos fez um resumo da economia da fraternidade internacional que enviará a todos responsáveis regionais. Pensamos que é necessário que todas regiões contribuam com dez por cento de suas arregadações para o caixa internacional, inclusive os países onde a contribuição é baixa. Também algumas regiões ocidentais poderiam revisar seus critérios de partilha, pois as necessidades são muitas. “Ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar e tão rico que não tenha nada para receber”.
Uma boa notícia para nossa Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas é o reconhecimento de direito pontifício da Congregação do Clero de nossos estatutos.
Recordamos a todos nosso meio de comunicação que é fácil e rápido e está a serviço de todas fraternidades: www.jesuscaritas.org.
Como equipe internacional e como fraternidade de seis irmãos de quatro continentes, gratidão a todos: pela oração, pela partilha financeira, por termos um lugar no coração de vocês e em suas casas, nesta missão de expandir o Reino de Deus, a Boa notícia, a alegria de sermos cristãos e de olharmos uns aos outros com os olhos de Jesús.
Em Perín, Espanha, vivemos cada dia pensando em vocês e nas realidades de seus países que às vezes é dura e difícil; valorizamos mais as pessoas que suas capacidades; olhamos seus olhos, não seus óculos; buscamos agasalhar seus corações e não sua inteligência.
Obrigado.
Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo; Maria nossa mãe e Ir.Carlos os abençoe.
Um grande abraço dos irmãos Emmanuel, Jean-François, Félix, Maurício, Mark e Aurélio.
Perín, Cartagena, Murcia, Espanha, 28 de outubro, Festa de São Judas e São Simão, apóstolos do Senhor.