Carta de Advento 2016, irmâo responsável

Queridos irmãos,

adviento_2016_001não é o momento de fazer discursos, ou dar idéias esplêndidas: o Advento fala por si mesmo e é o tempo de aprofundar em nossa esperança. Jesus está perto, o anunciado pelos profetas e o esperado por um povo desesperado. Advento é a palavra dada pelos profetas ao povo, a voz de João o Baptista, a mensagem da vida de homens e mulheres que, em tantas partes do mundo, deram ou estão a dar sua vida por Jesus. Hoje é também a voz dos que trabalham por um mundo em equilíbrio e harmonia.

Escutemos sempre a voz do portador de boas notícias, das mudanças que fazem deste mundo o lugar sagrado para todos: a Terra, com todos os seres humanos, com seus direitos e liberdades. A voz que nos transmitem os mais pobres que esperam uma solução a seus problemas, desde os exiliados adviento_2016_002pelas guerras -migrantes forçados -, até aos homens e mulheres que estão nos campos de refugiados, hospitais, residências de idosos, casas de acolhimento… as pessoas que encontramos com problemas psíquicos, a gente que acode a nós em busca de consolação: escutemos sua voz.

Escutemos a voz desde a Palavra, o engajamento de Deus com o mundo. Os textos de cada um dos domingos do Advento são um apelo a aprofundar no desejo de Deus, que no deixa de acender velas em nosso coração.

adviento_2016_003Escutemos os irmãos e irmãs da Família de Carlos de FOUCAULD em todo o mundo celebrando estes dias o Centenário. Uma alegria, outra boa notícia para a Igreja e para aqueles que, sem se considerar Igreja, convivem conosco, compartem nossa mesa, nossa rua ou nossa amizade: o irmão Carlos é mestre de amizade e de vizinhança -missionário pobre entre os pobres-. O Centenário de sua Páscoa é o próximo 1 de dezembro é um momento para dar graças ao Senhor por este homem inquieto e buscador de sua Vontade. A semente que caiu em terra e germinou e deu fruto, e um fruto que permanece e da mais sementes, é pura vida. Cada um de nós, em quanto fraternidade sacerdotal, temos que semear não consignas religiosas, mas nossa vida de irmãos no meio de irmãos, entre as adviento_2016_004pessoas a quem servimos ou somos chamados a estar com eles. A universalidade de seu testemunho desafia-nos a sair de nossos esquemas pré-fabricados e regressar a Nazaré: regressar sempre ao Evangelho como forma de vida, de pensamento e de amor. A morte de Carlos de FOUCAULD foi a manifestação de seu amor a Jesus até ao extremo, sem deseja-la, sem fazer projetos sobre seu final; simplesmente foi um morrer para Deus e no caminho de uma procura que nunca cessou até a esse momento, enviado aos últimos, como missionário atípico.adviento_2016_005

Para a Família Carlos de FOUCAULD celebrar o Centenário durante este ano 2016 é lembrar o triunfo de Jesus sobre a morte e partilhar a alegria de sua ressurreição. Sentimo-nos imersos em sua Páscoa, dentro deste Advento onde escutamos também sua voz, que em qualquer língua e diversidade de linguagens -o da oração, o da esperança, o da paz, o da humildade…-, nos lembra que somos pequenos. Sua amizade e identificação com Jesus é um apelo a potenciar em nós essa identidade (adoração, deserto, escuta e partilha na revisão de vida, trabalhar para e com os mais pobres, sua vida em Nazaré, ser irmão…)

adviento_2016_006Finalizado o Ano Jubilar da Misericórdia, o papa Francisco anima-nos a continuar construindo um mundo forte face ao mal que magoa o coração do ser humano em sua Carta Apostólica Misericordia et misera, repartindo paz, recordando por seu título que por Jesus somos perdoados de nossos “adultérios” e infidelidades a ser irmão de todos, semeadores de paz e de alegria, transmissores do perdão e do amor de Deus. É evidente que nos enganamos e que somos pecadores – nem muito mais nem muito menos que a mulher adúltera de João 8,1-11-, se escutamos nosso coração e fazemos adviento_2016_007um bom exame de consciência. Mas não é o pecado, a infidelidade ou o “adultério” que precisamos depurar para sentir-nos liberados de uma culpa: é mais importante não atirar pedras, não julgar, e dedicar toda a energia a construir o Reino e, como fraternidade e grupo de irmãos, pôr nossos esforços á luz do Evangelho e aproveitar a sinergia de confiar uns nos outros para fazer algo de bom, que ajude os demais.

adviento_2016_008Recordando nosso compromisso como equipe internacional da fraternidade, como escrevemos na Carta de Kansas City, lembro a todos a importância de realizar el QUESTIONÁRIO de Bangalore, enviado a todos os responsáveis e permanentemente exposto no nosso site iesuscaritas.org É tarefa de cada fraternidade preparar a assembleia mundial em janeiro 2019, com contribuições desde a vida, para ter uma boa base de trabalho, realista, sem teorias, que fale de nossa identidade, de nossa missão como padres diocesanos, aos quais o testemunho de vida de Carlos de FOUCAULD deu um sentido e uma luz como dom de Deus, como mostra de amor do coração generoso e sensível de Jesus que bate em cada eucaristia que celebramos, que bate no seio das famílias, dos doentes, dos mais idosos, dos pobres, dos oprimidos. Queremos escutar em Bangalore o bater do coração de cada irmão, de cada fraternidade.

Quero convidar, mais uma vez, á colaboração com nosso site iesuscaritas.org que é o meio de comunicação de todas as fraternidades. Mandai-me vossas notícias, artigos, alegrias… Também é importante comunicar os eventos para a AGENDA (retiros, encontros, Mês de Nazaré, experiências interfamiliares ou inter-religiosas…) Obrigado.

Que neste Advento de 2016, finalizando o Ano Jubilar da Misericórdia e o Centenário da Páscoa do irmão Carlos, Jesus nos abençoe e nos encha o coração de alegria, paz e esperança.

adviento_2016_009Isto vos desejo com um grande abraço fraterno e confiado.

Aurelio SANZ BAEZA, irmão responsável

Perín, Cartagena, Murcia, Espanha, 27 novembro2016,
primeiro domingo do Advento

(Muito obrigado, irmãzinha Josefa, para a tradução)

PDF: carta-de-advento-2016-irmao-responsavel-port

Imigração ilegal, Jacques GAILLOT

A Europa tornou-se o primeiro continente na chegada de imigrantes. É o que enfrenta a um movimento sem precedentes desde a segunda guerra mundial.

As tragédias humanas acontecerá no Mediterrâneo. Os imigrantes único sucessivos chamar em países europeus pergunta politicamente e legalmente. Ventos contrários criam um clima de hostilidade à imigração.

inmigracion-001Instabilidade política e guerras na África e no Médio Oriente lançaram os habitantes destes Estados para os caminhos do exílio. Olha o que veio a ocorrer na Síria e Líbia!

Essenciais deste êxodo norte-sul passa pelo Mediterrâneo sobre a máfia de traficantes.

Esses traficantes de roteiam em direção à Europa para dezenas de milhares de imigrantes em condições dramáticas, depois de tê-los extorsionado com somas de dinheiro que me emprestar às famílias inteira.

Estes escravistas deles tempos modernos não tem o mínimo escrúpulo. Formarem homens, mulheres e crianças nas embarcações impróprias, causando às vezes se o naufrágio.

Essas tragédias são um enorme desafio lançado para a dignidade humana e os fundadores de valores da União Europeia.

Muros da vergonha:

inmigracion-002Desde a queda do muro de Berlim em 1989, acreditava-se que ele não ia ver aquele aumento mais muros na Europa. Mas a falta de segurança e a estratégia da marca medo isso é decidirem paredes anti imigrantes, o arame farpado, as paredes de vergonha. Não proteger os imigrantes, proteger as fronteiras.

Ele reforço amado pela União Europeia para os meios de controle não impede que as ondas migratórias continuam a vir para a Europa. Mas a que preço! Esses riscos é ampliar, é reforçar as redes de traficantes, a situação humana é degrada…

Países como a Hungria e Polónia chamado “soberania nacional”, mas a soberania nacional não pode enfrentar os problemas relativos à Europa como imigração ou o clima do planeta. A recessão é um beco sem saída. É ilusório pensar que uma soberania nacional pode ficar na “solitária”. A União Europeia precisa de uma soberania “solidariedade”, onde cada Estado assume sua parcela de interesse europeu e global.

inmigracion-003O futuro está na solidariedade e fraternidade.

Apesar de neste contexto difícil e de abertura tão pouco, as iniciativas colocam humano acima de tudo.

Assim, a ONG humanitárias são dedicados para o resgate dos refugiados no Mediterrâneo

Pequenos países que passam por dificuldades políticas e económicas irão mostrar solidariedade. O dinamismo da solidariedade do povo grego é exemplar. O enorme afluxo de refugiados hospedados pela Jordânia e o Líbano deve questionar a política de fechamento da União Europeia.

Voltei da Albânia, onde na capital, Tirana, ter hospedado alguns 3.000 iranianos que estavam em perigo de morte no Iraque, em um campo perto de Bagdá. Graças a uma intensa atividade diplomática, poderiam ser liberados para chegar à Europa, mas a maioria dos países europeus não queria executar a irrigação de hospedá-los. Para não incomodar o governo de Teerã, Albânia recebeu-os dignamente, colocando à sua disposição necessária para fácil inserção.

inmigracion-004A Alemanha tem sido generosa para acomodar imigrantes.

Papa Francisco lançou uma chamada para os cristãos, para abrir seus corações e suas casas para acolher os refugiados. Esta chamada foi recebida.

Na comunidade onde estou congratularam-se para iniciar uma afegã de Cabul e um curdo de Mossul. Os dois, muçulmanos. Sua humanidade, sua graça, seu senso de outros, marcaram a Comunidade. Os refugiados são uma bênção para aqueles que-lhes boas-vindas.

No chão há um cidadão responsável importante. Numerosos municípios estão comprometidos com uma política de boas-vindas e da hospitalidade do rosto para os refugiados. Muitas redes de solidariedade mostra que a fraternidade é possível.

O futuro não é a negação ou a exclusão do outro. Somos todos irmãos chamados a construir um mundo onde todos vivem do outro.

jacques-gaillotJacques GAILLOT,
bispo de Partenia.
fraternidade sacerdotal Iesus Caritas

PDF: imigracao-ilegal-jacques-gaillot-port

CARTA DE KANSAS CITY, EQUIPE INTERNACIONAL

CARTA DE KANSAS CITY
EQUIPE INTERNACIONAL

FRATERNIDADE SACERDOTAL IESUS CARITAS
27 OCTUBRE 2016

Queridos irmãos,

Iniciamos nosso encontro da equipe internacional recordando nossos irmãos falecidos: Tony Philpot, que foi nosso responsavel internacional e nossos irmãos Giuseppe Colavero e Hermann Steiner.

Todos irmãos do mundo estiveram presentes em nossa oração, pensamento e coração.

kansas-2016-001O primeiro tema foi nossa revisão de vida: o que se passou em nossas vidas desde o último encontro em Perín, Espanhã, em casa de Aurélio.

Estes dias em Kansas City foram de grande proveito com contatos e convivências com o povo das três paróquias atendidas pelo padre Mark. Destacamos: as celebrações eucarísticas, o encontro com diversos grupos de leigos (as), religiosos (as) e estudantes de várias escolas que compõe uma diversidade étnica e cultural. Esta proximidade com os paroquianos de padre Mark nos recordou a vida cotidiana de Nazaré. Obrigado Mark por todo trabalho de acolhida e logística.

kansas-2016-002Também encontramos os irmãos da fraternidade dos Estados Unidos, reunidos em seu conselho Nacional no dia 25 de outubro, em Kansas. Compartilhamos fraternalmente em clima de amizade e gratuidade com os padres: Jerry, Joe, Greg, Ron, John e Bob, momentos de adoração, celebração eucarística e jantar.

Nestes dias fomos surpreendidos e tocados com a dor do padre Tom, irmão da fraternidade e companheiro de Mark, de 82 anos, atacado e roubado ao entrar em sua casa durante nossa estadia em Kansas City, o qual se recupera após ciururgia no hospital.

kansas-2016-003O lugar onde nos reunimos, Santuário da Esperança, nos ajudou na convivência fraterna e assim foi possivel trabalhar todos os temas de nossa pauta. Esta casa de retiros nos faciltou viver em clima de oração e de trabalho. A liturgia das horas, a adoração, eucaristia diária e meio dia de deserto, nos possibilitou estarmos próximos de Deus e dos outros.

O objetivo de nosso encontro como fraternidade foi nos animar e contemplar as diversas realidades dos continentes, com interrogações que convocam ao diálogo inter cultural e inter religioso, nos desafiando como pessoas, como Igreja e como fraternidade, num mundo ameaçado e atacado por fundamentalismos, terrorismos, crises políticas em muitos paises. A falta de propostas dos governos e o aumento de políticas populistas tem gerado em nossas sociedades fechamento e medo com os que vem de fora.

kansas-2016-005Retomamos as assembleias continentais deste ano: a primeira Panamericana em Cuernavaca, México e a assembléia da Asia em Cebu, Filipinas e também a próxima assembleia europea em Polonia em julho de 2017. Escutamos e tomamos a sério todas as propostas vindas dos continentes para nossa equipe internacional.

Sempre recordamos que somos presbíteros diocesanos, pertencemos a uma igreja local e a um presbitério. Contudo, seguimos como fraternidade Jesus Caritas as intuições do beato Carlos de Foucauld, exemplo de missionário que foi as periferias em sua última etapa da vida, antes sua morte.

Escutando os apelos das diferentes realidades continentais e numa atitude de diálogo e discernimento definimos o tema da nossa próxima assembleia munidal em Bangalore, India, nos dias 15 a 30 de janeiro de 2019:

PRESBÍTEROS DIOCESANOS MISSIONÁRIOS, INSPIRADOS PELO TESTEMUNHO DE CARLOS DE FOUCAULD.

kansas-2016-006Elaboramos um questionário para todas as fraternidades do mundo que será enviado aos responsáveis nacionais e será publicado em nossa página jesuscaritas.org. Será um instrumento de trabalho dentro do processo de preparação de nossa próxima assembleia que terá como metodologia: CONTEMPLAR, DISCERNIR E PROPOR.

Acreditamos que em alguns amibientes se enquandrou a espiritualidade de Carlos de Foucauld num modelo monástico que fere nossa identidade de presbíteros diocesanos. Por isso queremos recuperar sua identidade de presbítero diocesano missionário, contemplativo no meio das realidades do mundo, convivento com mulçumanos e pessoas do povo, as quais viveu no estilo de Nazaré.

Em um mundo de pessoas que se sentem descartadas pela cultura da indiferença, esta reflexão hoje nos impulsiona a respondermos com atitude missionária, o chamado de sermos uma Igreja samaritana em saída, que desce do pedestal para atender os mais necessitados. As intuições do irmão Carlos nos impulsionam criar uma cultura de diálogo e encontro com os povos de outras regiões, culturas e sociedades.

kansas-2016-004Assumimos a partir das propostas vindas da assembleia Panamericana, a necessidade de criarmos um diretório com orientações comuns sobre os mês de Nazaré. Para isso, pedimos a colaboração de três irmãos que aceitaram nosso convite e irão se reunir em fevereiro de 2017 para este trabalho, são eles: Manuel POZO (Espanha), Fernando TAPIA (Chile, responsável pela América) e Jean Michel BORTHEIRIE (França).

Graças a eles, por este serviço as fraternidades. O documento será sujeito a aprovação na próxima assembleia mundial em Bangalore. Para isto, será necessário recuperar materiais de experiências concretas de diferentes países. Algumas já foram compartilhadas em Poissy.

kansas-2016-008Recebemos diferentes ecos de eventos realizados no mundo por ocasião do centenário da Páscoa do irmão Carlos.

Nos encheu de alegria e paz as recentes nomeações do papa Francisco de dois Cardeais membros da fratendiade: de Myanmar e Malasia.

Mark nos apresentou um balanço econômico da fraternidade mundial. Agradecemos as fraternidades que anualmente apoiam ecnonomicamente nosso caixa internacional e também convidamos aos países que ainda não contribuem para que façam esforço de partilhar. Em vista da nossa própria assembleia na India, como equipe decidimos reduzir gastos.

kansas-2016-009Nossa próxima reunião da equipe internacional será em Bangalore em janeiro de 2018, com o objetivo de tomarmos consciência da realidade do local da da próxima assembleia mundial e contiuarmos nosso processo de preparação. Estamos abertos a propostas que podem contribuir neste processo.

Enfim, queremos dizer a todos que esta mudança de época é de grandes desafios e questionamentos complexos que nos escampam. Registramos que o momento atual de nossa Igreja é de grande esperança, tendo a frente o papa Francisco, como pastor e homem de Deus. Seguimos rezando e apoiando seu projeto com processos de conversão, reforma e renovação interna da Igreja.

Carlos de Foucauld, através de sua família espiritual e de nossas vidas e fraternidades, tem muito a dizer com sua mensagem e testemunho de encontro com pessoas e sociedades diferentes. Seu apelo missionário é de ser presença gratuita de Jesus, sem medos, sem reservas, sem invasões e com abundante confiança.

Por tudo isto, confiamos em vocês e seus corações transparentes, enviando nosso abraço sincero e fraternal.

kansas-2016-010Emmanuel, Jean François, Félix, Mark, Maurício e Aurelio
Santuário da Esperança, Kansas City, Estados Unidos, 27 outubro de 2016.

PDF: carta-de-kansas-city-27-outubro-2016-port

Edson DAMIAN, bispo da fraternidade: Carta ao Papa Francisco

Querido Papa Francisco

A Diocese de São Gabriel da Cachoeira, situada ao noroeste do Estado do Amazonas, na fronteira com a Colômbia e a Venezuela, abarca a Bacia do Rio Negro e abrange uma extensão de 293.000 quilômetros quadrados. Congrega Povos Indígenas de vinte e três etnias. Ainda hoje falam dezoito línguas e constituem 95% da população.

O Povo Yanomami, de contato mais recente, concentra-se numa região que pertence à Venezuela, e no Brasil em Roraima e Santa Isabel do Rio Negro. Sua população total é estimada em mais de 33.000 pessoas repartidas em cerca de 640 aldeias, o que faz deles um dos maiores grupos ameríndios da Amazônia que conservam em larga medida seu modo de vida tradicional. Aproximadamente 10.000 vivem em Santa Isabel do Rio Negro e pertencem à Diocese de São Gabriel. Quase 5.000 vivem nas aldeias de Maturacá e Ariabu. Os missionários Salesianos de Dom Bosco convivem com eles desde 1950.

No dia 24 de maio de 2015, celebramos o centenário da chegada dos Salesianos (SDB) e das Salesianas (FMA) na Igreja do Rio Negro. O Exmo. e Revmo. Dom Giovanni D´Aniello, nosso estimado Núncio Apostólico, presidiu a concelebração. Uma delegação de cinco lideranças Yanomami solicitaram uma audiência com ele. Agradeceram a presença e a dedicação dos Salesianos que, além de evangelizar, cuidam também da saúde e da educação. Afirmaram que são visitados por pastores evangélicos, mas “os Yanomami desejam continuar católicos salesianos (sic)”. Disseram que a população é numerosa e a capela é muito pequena. “Por isso viemos pedir ao senhor que nos ajude a construir uma catedral”. O senhor Núncio mostrou-se muito sensibilizado e afirmou que solicitaria a colaboração do Papa Francisco. Quando um pedido é atendido, nossos irmãos Yanomami, logo fazem outro: “Quando a catedral estiver concluída, gostaríamos que o senhor nos enviasse também um bispo”.

Para levar a diante o projeto, a Comissão Episcopal para a Amazônia custeou a vigem do Pe Thiago Faccini e do Sr Tobias Machado, membros do Setor Espaço Litúrgico da CNBB, para visitar as aldeias de Ariabu e Maturacá. No final de julho acompanhei-os nesta visita. Numa roda de conversa com várias lideranças, indicaram o local as características do templo: deve ter a forma circular como os antigos “chaponos” – moradias comunitárias; possuir uma abertura no telhado para que os espíritos dos antepassados possam entrar para participar das orações comunitárias; ter anjos dependurados no telhado cujas asas devem possuir as penas dos pássaros; o altar deve estar no centro e confeccionado de pedra para ter longa durabilidade. Também indicaram o material da floresta que poderá ser utilizado e manifestaram a disposição de trabalhar em mutirão na construção.

Papa Francisco, através da prestimosa mediação do Sr Núncio, os irmãos do Espaço Litúrgico estão fazendo chegar às suas mãos o trabalho que conseguiram realizar. Espero que seja do seu agrado. E com sua generosa colaboração possamos ver um dia realizado o sonho dos irmãos Yanomami de Ariabu e Maturacá, para alegria deles e para a maior gloria do Pai de todos os povos, raças, línguas e culturas.

A isolada, pobre, indígena e pascal Igreja rionegrina reza sempre para que o Espírito Santo o ilumine, conduza e nos ajude a todos a construir a Igreja misericordiosa, de portas abertas, em saída para as periferias geográficas e existenciais. Gracias por nos ensinar que “a partir das periferias vêem-se as coisas melhor do que a partir do centro”.

Papa Francisco, reza por nós e também pelos outros Povos Indígenas que em várias regiões do Brasil têm suas terras invadidas, suas lideranças perseguidas e mortas e seus direitos negados pelos donos do agronegócio e pela política discriminatória do governo atual.

Grande abraço do tamanho da Amazônia e até o nosso próximo encontro, se Deus quiser.

+ Edson Tasquetto Damian
Bispo Diocesano

São Gabriel da Cachoeira, 01 novembro de 2016
Festa de Todos os Santos e Santas

PDF: edson-tasquetto-damian-carta-ao-papa-francisco

Os sacerdotes proféticos, Jacques GAILLOT

Aurelio, nosso responsável geral, veio encontrar-me em Paris duma maneira muito fraterna. Pediu-me que partilhasse o que gostaria de dizer aos padres das fraternidades. Partilhar convosco sobre o que faz vosso ministério e vossa vida.

Mas, falar dos padres é falar do Homem, daqueles a quem somos enviados. Não é certo que estamos ao serviço de um povo?

Uma noite em que subi ao metro numa hora de ponta, encontrava-me de pé, apertado por todos os lados e na impossibilidade de encontrar um ponto de apoio com a mão. Conforme as sacudidas do metro, repousava sobre uns ou outros. Alguém me identificou e sorria da minha situação precária. Ao descer os dois na mesma estação, não pude deixar de dizer-lhe: “Veja, o que faz aguentar-se em pé um bispo, é a gente!

1 – Começar pelo humano

gaillot-01Seguindo o P. de Foucauld, estamos marcados pela espiritualidade de Nazaré: um estilo de vida simples, pobre, misturados com a vida ordinária das pessoas. Jesus, o homem de Nazaré, viveu uma quantidade de experiências por causa do seu trabalho, das injustiças do seu tempo, os laços tecidos com os pobres, a sua presença ás famílias, compartilhando suas alegrias e seus sofrimentos, sua oração ao Pai na solidão. Seu coração, modelado por todos estes encontros, ardia com o fogo de seu amor pelo seu povo. Esta lenta maturação o preparava para sua missão profética que inaugura de maneira surpreendente na sinagoga de Nazaré. Sua hora tinha chegado.

O Espíritu do Senhor está sobre mim porque o Senhor me consagrou pela unção.
Enviou-me a levar a Boa Notícia aos pobres,
Anunciar aos prisioneiros a sua libertação,
E aos cegos que recuperarão a vista,
A dar a liberdade aos oprimidos,
A anunciar um ano de graça concedido pelo Senhor.” Lc 4, 18-19

Toda a vida pública de Jesus vai consistir em pôr em prática esta pregação de Nazaré. Não é um discurso religioso que fala da Lei: É um discurso que fala somente do ser humano. Não é um discurso sobre Deus, é um discurso sobre o Homem.

Não é um discurso de restauração, é uma grande mensagem de libertação que muda a vida. É um discurso que deixa estupefato.

A espiritualidade de Nazaré não pode passar por alto esta proclamação. É ela que insufla uma dimensão profética a nosso ministério e a nossa vida de padres.

Acontece-me, como a vós, ouvir pessoas que me dizem: “Já não pratico”, ou “há muito tempo que deixei de praticar”. Para essas pessoas, é evidente que se trata da prática religiosa. Mas a prática fundamental do Evangelho é a da justiça e do amor que são devidos ao próximo. Não é a prática religiosa!

No julgamento final, não me perguntarão quantas missas celebrei ou quantos casamentos abençoei. Dirão: “Que fizeste de teu irmão que era estrangeiro, prisioneiro, doente, faminto…?

gaillot-02O essencial é a prática do irmão, a prática da solidariedade. Ninguém está dispensado dela, mesmo quem está aposentado. Como é que há tantos cristãos que não descobriram a importância desta prática da justiça e do amor que são devidos ao próximo?

Na sinagoga de Nazaré Jesus anuncia que veio trazer a Boa Notícia aos pobres. Não diz aos ricos, aos poderosos… Faz a opção dos pobres. Começa por eles. Põe-se do lado dos oprimidos e não dos opressores. Do lado das vítimas e não dos poderosos. Do lado dos humilhados e não do lado dos que os exploram.

Jesus dirigiu-se espontaneamente aos rejeitados, aos esquecidos. Ao fazer esta opção de começar pelos pobres, abre-se a todos. Não rejeita ninguém. É pouco frequente, na sociedade como na nossa Igreja, fazer a opção de começar pelos pobres!

Alegro-me que o Papa Francisco tenha decidido canonizar Monsenhor Romero que é uma figura profética do combate pela justiça.

As mudanças necessárias no seio da Igreja, na sua pastoral, na educação, a vida sacerdotal e religiosa, nos movimentos laicos, que não pudemos realizar em quanto o nosso olhar estava unicamente fixado na Igreja, realizamo-los agora que nos volvemos para os pobres.” “É a partir dos pobres que a Igreja poderá existir para todos, que poderá prestar serviço aos poderosos através de uma pastoral de conversão; mas não ao contrário, como aconteceu tantas vezes.
Discurso na universidade de Lovaina para a recepção do título de Doutor Honoris Causa, 2 de fevereiro de 1980.

Não é nenhuma honra para a Igreja manter boas relações com os poderosos. A honra da Igreja é que os pobres a sintam como própria.”
El Salvador, homilia do 17 de fevereiro de 1980.

2 – Ser uma esperança para os pobres

Há tempos tocou-me o coração uma palavra de Dom Helder Câmara: “Se não sou uma esperança para os pobres, não serei o sacerdote de Jesucristo”.

Léon Schwartzenberg, conhecido médico especializado no cancro, militou já aposentado na associação dos sem documentos da qual faço parte também. Era um amigo. Judio ateu, chamava-me “Meu bispo preferido”. Quando morreu, levaram-no ao cemitério de Montparnasse em Paris, no sector judio. A multidão dos pobres estava presente, invadindo o cemitério. Pessoas sem documentos, sem teto, chegaram, alguns deles de longe, para “Léon” que tanto havia feito por eles e que ficava para eles como um sinal de esperança.

Quando Victor Hugo, o célebre autor dos Miseráveis morreu, a multidão dos pobres levantou-se em todo Paris, dezenas de milhares, para acompanha-lo á sua última morada: o Panteão. Não quis a oração da Igreja mas, no caixão dos pobres que ele tinha pedido, beneficiou do reconhecimento dos “miseráveis” de Paris.

Hoje, lá onde eu vivo, quem leva a esperança dos pobres?

Quando parti de Evreux em 1995, no último sermão na catedral, falei assim á multidão:

Todo cristão, toda comunidade, toda Igreja que não empreende antes de mais, e ante tudo, o caminho do sofrimento dos homens, não tem nenhuma possibilidade de ser ouvida como portadora duma boa notícia. Toda pessoa, toda comunidade, toda Igreja que não se faz antes de mais e ante tudo, fraterna com todos, não poderá encontrar o caminho dos corações, o lugar secreto onde pode ser acolhida esta Boa Notícia.

Jesus foi uma grande esperança para os pobres. Foi até eles com misericórdia, sem excluir ninguém. Os pobres sentiram-se amados por Deus. Os mais deserdados descobriram maravilhados que eram os preferidos de Deus.

No Evangelho, a única atitude que possa libertar alguém, é reconhecer a sua dignidade.

3- Superar as fronteiras:

Aperceberam-se do contágio de muros no mundo? Constroem-nos por todas partes. Muros que separam os povos e lhes impedem de circular. Muros de arame para proteger-se da vinda dos migrantes. Na associação de pessoas indocumentadas, onde existem muitas nacionalidades, temos por lema: “Não mais muros entre os povos, não mais povos entre os muros”.

Não gosto dos muros. Quando vou ás prisões, estou contente de sair de aí para estar fora desses muros que me privam de todo horizonte!

Jesus passou a vida fazendo cair muros: o muro do dinheiro, o muro dos preconceitos e da desconfiança, o muro da indiferença, o muro do esquecimento. E sobre tudo, pela sua morte na cruz, fez cair o muro do ódio que noa separava uns dos outros.

Gosto de ver que Jesus nasceu fora dos muros, e que morreu fora dos muros, Para ver a luz do sol da Páscoa, é preciso sair dos muros.

gaillot-03Superar as fronteiras “em nós” é difícil. É uma grande conversão! Mas, não será ela necessária para chegar a ser um irmão universal?

Podemos ir em missão ao fim do mundo transportando em nós um modelo cultural antigo e inadaptado.

Em Europa, pertencemos a sociedades que já não estão marcadas pelos valores cristãos tradicionais. Por que querer impor a todos valores que só se podem aplicar a um grupo determinado de pessoas? A vinho novo, odres novos.

Quando, na França, autorizaram o matrimonio entre pessoas de mesmo sexo, que confusão! Mesmo da parte dos padres. Nesse reconhecimento público dos casais homossexuais, não se tratava de tolerância mas de direito. É uma mudança cultural considerável.

Hoje, com a mundialização, as religiões estão todas presentes nas grandes cidades. Estão nas escolas, nos hospitais, nas cadeias, os lugares de trabalho… Um padre que va á prisão confiava-me:

Durante trinta anos, fui o único sacerdote. Tudo andava bem. Agora vão um rabino, um imam, um pastor e um evangelista com quem não conseguia entender-me. Já era hora de ter a aposentação!

Isto evoca-me um provérbio africano:

Quando estamos sós vamos mais depressa, quando estamos juntos vamos mais longe!

gaillot-04E se falamos do estatuto social dos padres? Vivo num país onde os padres são cada vez menos e onde as comunidades cristãs estão pedindo.

Não posso deixar de ter um sonho, o sonho que puderam chamar homens ou mulheres de experiência, casados ou não, com um trabalho, uma profissão. E por um tempo determinado. Com o acordo das comunidades e do bispo, lhes seriam impostas as mãos. Não se trataria mais de esperar que se presentem candidatos, mas de tomar a iniciativa do chamado em função das necessidades da igreja local. Aliás, podemos perguntar-nos: aqueles que se apresentam hoje aos seminários, serão os sacerdotes de que precisará a Igreja de amanhã?

O P. de Foucauld era sensível aos acontecimentos. Os acontecimentos o faziam mexer. Homem em caminho e em procura, era capaz de partir a outro lado e de viver de outra maneira. Não se instalava nunca. Para ele, a instalação era uma morte. Por causa de Jesus e do Evangelho dizia-se pronto a ir até ao fim.

Nós estamos entrando num mundo novo. Somos testemunhas do fim de um mundo. Testemunhas também do nascimento de outro mundo que não sabemos ainda o que será. O nosso caminhar revela novos horizontes e abre á novidade.

Em França, quando nos encontramos cada mês fielmente em fraternidade, é comovedor ver-nos chegar carregados de anos, limitados, cansados…

gaillot-05Pensam que estamos já mortos. Mas os que o dizem esqueceram que éramos sementes. Sementes de vida!

O amanhã está por fazer.

+ Jacques Gaillot,
Bispo de Partenia

PDF: Os sacerdotes proféticos, Jacques GAILLOT, port

Carta de Páscoa 2016, irmâo responsável

Queridos irmãos,

pascua-2016-01a nossa Páscoa, marcada pelos acontecimentos terroristas em Bruxelas, Yemen, Iraque e ultimamente em Lahore, não deve ficar reduzida a um conjunto de tristes notícias, de sensações de impotência ou de medos acumulados. É a Páscoa que Jesus nos oferece vencendo a  morte, e por isso um chamado a vencer todas as mortes, as pessoais e as sociais. Mas sem fechar os olhos perante a realidade. Rolemos as pedras do medo, a falta de fé, a auto-compaixão, o preconceito perante o Islão ou os muçulmanos de boa fé que todos conhecemos. Rolemos as pedras que nos apresam ou apresam os outros, e ponhamos em Jesus Ressuscitado o olhar, um olhar que não está isento de medos, como o olhar das mulheres que vão ao sepulcro de Jesus, como o olhar de seus próprios discípulos. Medo humano, compreensível. Lhes resulta difícil aceitar que a situação mudou, mas o Espírito vai levando-os a olhar Jesus com a alegria de um bom amigo que se encontra com outro. Feliz Páscoa a todos, a toda a gente com quem nos relacionamos, a todos os amigos com problemas, a todas as famílias e fraternidades. O irmão Carlos escreveu o próprio dia de sua Páscoa que é preciso morrer para dar vida. Seu centenário é um chamamento contínuo a contemplar o que pode carecer de sentido pascua-2016-02para muita gente, que só vive do dinheiro, da segurança, de estar tranquilos sem se sentirem magoados pela dor alheia. Que Jesus Ressuscitado nos ajude a converter a água amarga em um bom vinho que alegre a festa e a vida do dia a dia, a vida de Nazaré.

Nosso irmão Giuseppe COLAVERO viveu ontem á tarde sua Páscoa e encontro com o Pai. Nos sentimos tristes por ter perdido este irmão querido e lutador pelos mais necessitados, o fundador e a alma de AGIMI, o bom pastor de seu povo. Nos unimos a sua gente, á fraternidade de Itália. Há já vários meses seguimos a evolução de sua doença, e pascua-2016-03o glioblastoma cerebral acabou com sua vida, mas não com seu espírito generoso e lutador em favor de tanta gente a quem ajudou. Também há poucas semanas deixou-nos nosso irmão Hermann STEINERT, de Alemanha. Os dois estão junto do Senhor contemplando seu rosto e seu coração de Pai. Hermann e Giuseppe nos protegem e ajudam. Sua fraternidade conosco não terminou.

Encorajo-vos a viver esta Páscoa com la alegria dos perdoados, dos filhos amados do Pai, do irmão mais novo que aprende do irmão mais velho, Jesus, o Senhor. Com a alegria á  qual nos convida o papa Francisco. Desde Europa nos sentimos feridos, mas não derrotados; envergonhados pelo drama dos pascua-2016-04refugiados sírios que não encontram a porta aberta, como seres humanos com todos seus direitos. Como integrar estas realidades dolorosas em nosso anúncio e missão? Os governos europeus acordam por milhões de euros deixar esta gente entregue a outro país. Os pobres incomodam, enchem as ruas, sujam, põem sua tenda entre nós, brigam também entre eles, caem nas máfias que controlam seu futuro…

pascua-2016-05Que dizemos como cristãos, como pastores em nossas paróquias? Quem tem a palavra exata para criar esperança sem falsos discursos, sem atraiçoar o Evangelho? Encorajo-vos a contemplar tudo isto na adoração, ante Jesus, que foi emigrante, que teve que fugir com sua família, que foi também um refugiado e, antes de sua morte, um preso. Contemplemos como nesta Páscoa não podemos ficar indiferentes perante ninguém; nosso silêncio seria uma cumplicidade com a injustiça. Carlos de FOUCAULD, desde sua amizade com Jesus, -o abandonado na cruz, o que nos procura á beira do lago, o que vive  na cabana do mais pobre, no campo de refugiados, ou junto a uma cerca de espinhos metálicos nas fronteiras, ou ante o cartaz de “proibida a passagem”, ou “só para sócios”-, põe-nos Jesus Ressuscitado como grão que cai em terra e da muito fruto.

pascua-2016-06Escrevo-vos esta carta acompanhando uma doente num hospital. Tudo me fala de humanidade e de Jesus; no sorriso e o olhar de tanta gente; nas caras preocupadas de outras pessoas; no silêncio de quem cala sua dor e de quem dorme. Partilho convosco este momento contemplativo como a Páscoa da alegria que vence o pranto, dos valores humanos e cristãos que estão em muita gente e que, desde o silêncio e a festa em seu coração, despertam em nós o sorriso, e cremos que outro mundo é possível, e que essa pessoa é meu irmão ou minha irmã, e que ninguém consegue silenciar os amigos de Jesus, que o aclamam como Senhor e como companheiro de caminho, lá onde estiverem.

Um gran abraço de Páscoa com a alegria de ser vosso pequeno irmão.

pascua-2016-07Aurelio SANZ BAEZA, irmão responsável

Hospital Rafael Méndez, Lorca, Murcia, Espanha,
29 de março de 2016, terça feira da Oitava de Páscoa
(Muito obrigado, irmãzinha Josefa, para a tradução)

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