Encontramo-nos num tempo de graça, de comunhão com todas as pessoas do nosso mundo que desejam que a paz, a concórdia e a solidariedade se tornem realidade com a humanidade sofredora. Encontramo-nos também num momento turbulento, de inseguranças, de pendências de resolução de conflitos, de exploração humana nas suas diversas formas.
São apelos permanentes diante dos quais muitas vezes nos sentimos impotentes.
Nossa vida pessoal também é afetada por tudo em nosso ambiente, pelo trabalho ou pelo estresse de múltiplas atividades, pela busca de mais horas a cada dia, ou pela inatividade por idade, cansaço, doença…
A palavra CONVERSÃO volta a nos ocorrer nesta época, e podemos deixá-la como na época do Natal como um enfeite que acompanha a estação do ano, pois é uma atitude necessária para celebrar a Páscoa, uma de ressurreição e outra de nascimento. Ou seja, a conversão pode continuar sendo um clichê que se repete anualmente, e passar pela nossa vida como se curasse um resfriado ou pouco mais.
Se observarmos a conversão de Charles de FOUCAULD, além de sua personalidade, de seu passado mais recente e de sua biografia até aquele momento, há uma ação de Deus, que chama seu filho, que coloca Henri HUVELIN em seu caminho, que tem o apoio espiritual de sua família, tão angustiada por aquele irmão, primo, tão inteligente e criativo que fica difícil de entender.
Diante disso, poderíamos fazer estas reflexões:
1 Em que aspectos da minha vida, da minha espiritualidade, do meu trabalho quotidiano e das minhas relações com os outros preciso de mudanças? Já me adaptei a ser como sempre sou ou sinto que não estou trabalhando bem assim? Defendo os outros, o Papa Francisco, os meus colegas sacerdotes? Defendo os pobres que estão comigo?
2 A amizade com Deus, a minha relação com ele na oração, na celebração da Eucaristia ou da Liturgia das Horas, é marcada pelo rito repetitivo, rotineiro, ordenado, ou é uma expressão quotidiana, do presente, do meu momento atual e mundial, com as preocupações ou alegrias do dia? Adorar, ouvir a Palavra, que lugar e tempo ocupam no meu dia a dia? Tenho tempo para quase tudo, exceto oração e contemplação? O dia do deserto, é uma prioridade? Estou com preguiça, com medo…?
3 Quando há muitos cabos de conexão em um dispositivo eletrônico e não conseguimos descobrir para onde vai um e outro, como faço para conectar a partir da minha boa vontade em meu coração o chamado de Jesus para trabalhar em seu Reino, a urgência de respostas de minha parte aos conflitos humanos que existem perto ou longe de mim? Tenho capacidade de ouvir quem precisa de mim?
A Quaresma é um tempo de conversão: não façamos outro mito ou ideia, ou um ornamento em todo o nosso ser crente, fácil de explicar aos outros, mas difícil de enfrentar internamente.
Aurélio SANZ BAEZA,
fraternidade de Múrcia
Fevereiro de 2024
PDF: Quaresma 2024 Reflexâo e convite à Revisâo de Vida. Aurelio SANZ BAEZA pt