A Francisco, Bispo de Roma e Papa da Igreja Universal

A Francisco, Bispo de Roma e Papa da Igreja Universal

Querido Irmão: Deus o abençoe!

Nós, setenta e quatro presbíteros, bispos, diáconos, seminaristas, leigos e leigas do Brasil em retiro anual da Fraternidade Jesus Caritas de Charles de Foucauld, com a presença de irmãos do Uruguai, da Argentina, da Espanha, bem como do Pe. Aurélio Sanz Baeza, padre da diocese de Cartagena, Múrcia (Espanha) e Responsável Internacional da nossa Fraternidade.

Buscando a fidelidade a Jesus de Nazaré e iluminados pelo testemunho do beato Charles de Foucauld, vimos à presença de vossa santidade para hipotecar total e radical fidelidade as suas orientações, gestos e decisões na condução de nossa Igreja.

Agradecemos a Deus e aos cardeais que o elegeram para o ministério de ‘confirmar/fortalecer os seus irmãos’ (cfe.Lc22,32) e somos gratos pela sua aceitação e lucidez diante do contexto eclesial e social que vivemos. De fato, seus gestos e palavras estão fortalecendo nossa fé e nossa esperança; e não só a nossa, mas a de muitos irmãos e irmãs de caminhada e até os de outros confins da fé e da terra. Somos testemunhas de que alegria do Evangelho é uma maneira de viver e pregar. Os gestos de misericórdia e as palavras que nos animam a seguir esse caminho estão cheias de sensibilidade humana, cristã e de caridade. Tudo isso nos incentiva a amar mais e servir melhor.

Vibramos com a exortação apostólica “EVANGELII GAUDIUM” como indicativos programáticos pastorais para os próximos anos e com suas orientações e homilias a viver esse dom e espalhá-lo com a vida e as palavras. O beato Charles de Foucauld nos incentiva a ‘gritar o evangelho com a vida’ e nós queremos apregoar essa alegria, estando presentes nas encruzilhadas do mundo e da história e na vida das pessoas mais necessitadas.

Estamos felizes com o apoio dado a participação da mulher na evangelização e no governo da Igreja, a oração junto aos familiares de migrantes negros em Lampedusa, acolhida aos pobres de Roma, o encontro com movimentos populares sociais, o compromisso com a causa indígena, prisional e minorias étnicas, a conferencia ao parlamento europeu, a prioridade ao problema ecológico e os desafios sociais.

Na condução do próximo sínodo sobre os gravíssimos problemas da família, especialmente dos casais de segunda união e orientação da vida matrimonial, comungamos com o principio da misericórdia.

Assumimos a sua teologia critica à ética do capitalismo que gera economia de morte, fazendo vítimas sacrificiais em todo mundo. Uma cosmovisão idolátrica do dinheiro, do lucro e da acumulação, responsável pela miséria e exclusão social em todo planeta.

Acolhemos com muita alegria seu apelo paradigmático a ter ‘cheiro de ovelha’ indo às periferias geográficas e existenciais para viver e compartilhar com o rebanho, as alegrias e esperanças, as tristezas e angustias dos homens e mulheres a quem Deus tanto ama.

Estamos juntos na retomada da sinodalidade, da colegialidade, do diálogo que cria proximidade e cultura do encontro que enfrenta a teologia da restauração e preconiza a teologia do Concílio Vaticano II.

Agradecemos os alertas feitos para libertar-nos das enfermidades, quando falou aos Bispos do CELAM e aos Bispos do Brasil na JMJ e também aos membros da Cúria, às vésperas do Natal. As quinze doenças enunciadas não estão apenas na Cúria romana, mas em todo mundo eclesial. São sintomas típicos dos que estão a serviço de seus privilégios pessoais e institucionais, colocados acima do Evangelho.

Comprometemo-nos com o projeto de uma ‘Igreja Pobre para os pobres’, em saída, que mora nas periferias e serve ao povo que aí está, vivendo com os pobres e sendo irmão / irmã dos mais necessitados.

carta-fraternidade-brasil-papa-franciscoQueremos fazer desses alertas os itens principais da nossa revisão de vida e, mais ainda, do nosso compromisso no seguimento de nosso Bem-Amado irmão Senhor Jesus.

Acolha e abençoe os nossos compromissos, ore por nós, pois prometemos orar sempre pelo senhor.

Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas
Casa de Retiros Bethânia, São João Batista, SC – Brasil,
10 de janeiro de 2015.

PDF: Carta_Fraternidade_Brasil_Papa_Francisco

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Caros irmãos e irmãs participantes do retiro da fraternidade 2015, Feliz Natal!

Venho por meio desta pequena partilha me fazer presente convosco neste tempo de intimidade com nosso Amado-Deus que é o nosso retiro anual. E, convosco partilho mais este Natal que ainda vivenciamos o seu tempo liturgico, mas que na vida diária se desdobra.

Aqui, mais um ano se passou e juntos conseguimos aprender que não é só a presença física que une os irmãos(ãs), amigos(as) e companheiros(as), mas o que cada um generosamente e gratuitamente se permite deixar no outro. Saibam que de vocês muito trago comigo hoje. O encontro que fizemos (retiros que pude participar, os boletins que lia etc) ajudou-me a ser o que agora sou. Um caminheiro em terras africanas. (risos)

O Natal pra mim, além de ser esta grande festa de ternura e alegria, é a imensa festa do encontro. Encontro respeitoso, íntimo e transformador. Sabemos que todo encontro provoca em nós transformações. Se não nos toca em nada o encontro não aconteceu. E o Natal gerou a grande transformação do novo que a nós foi revelado: O Divino-Humano para favorecer o Humano-Divino. Tudo bem juntinho, bem íntimo (risos). Desta maneira tenho tentado me encontrar com este povo moçambicano.

Estive na comunidade de Namijaia no interior de nossa paróquia na festa luminosa do Natal. O povo nos aguardava para a missa e para os batizados das crianças que aqui são batizadas no tempo do Natal, muito significativo. Meu Natal foi sem energia (Luz), no calor e iluminado pelos relâmpagos, mas foi de uma claridade, uma simplicidade, uma ternura como certamente foi àquela noite onde o Menino-Deus foi colocado na manjedoura. Quantas crianças aqui nas mesmas condições do Menino-Deus, quantas mulheres aqui nas mesmas condições de nossa Mãe Maria. Foi um doce Natal de mistério. Aqui eles usam a palavra mirirya para falar mistério. Depois da celebração da noite fui descansar ao som acalentador dos batuques e cantos festivos.

Porém, também pude nas minhas simples meditações, me perceber e avaliar a luz do Natal do Senhor. E, ao mesmo tempo em que o Natal me deixa alegre sinto também um pouco de dor. É como aquele espinho na carne que fala o apóstolo Paulo. Pois vejo que embora o encontro de Deus com o homem tenha transformado nossa vida, ainda não consigo me encontrar com os meus irmãos e as irmãs com esta plenitude. E fiquei um pouco triste devido às limitações. Ainda não consigo comer tudo que eles comem, nem bebo boa parte da água que bebem, não consigo me comunicar na língua deles etc, estas coisas me fizeram pensar que nosso encontro ainda está na superfície, afinal o Natal é encontro intimo, é identificação.

Por isso conto com a oração desta querida fraternidade, que sei que estão comigo nesta experiência missionária. Sei que não estou aqui sozinho. Rezem ao nosso Menino Deus que me ajude a cada dia me abrir mais a estes nossos irmãos e irmãs que são tão gratos pela nossa presença.

No mais vou ficando por aqui curtindo esta saudade que é sempre presente e esperançoso em nos encontrarmos brevemente.

Aquele Abraço e muitos risos sempre!
Feliz natal e bom retiro!
Pe. Badacer.