Caros irmãos e irmãs participantes do retiro da fraternidade 2015, Feliz Natal!
Venho por meio desta pequena partilha me fazer presente convosco neste tempo de intimidade com nosso Amado-Deus que é o nosso retiro anual. E, convosco partilho mais este Natal que ainda vivenciamos o seu tempo liturgico, mas que na vida diária se desdobra.
Aqui, mais um ano se passou e juntos conseguimos aprender que não é só a presença física que une os irmãos(ãs), amigos(as) e companheiros(as), mas o que cada um generosamente e gratuitamente se permite deixar no outro. Saibam que de vocês muito trago comigo hoje. O encontro que fizemos (retiros que pude participar, os boletins que lia etc) ajudou-me a ser o que agora sou. Um caminheiro em terras africanas. (risos)
O Natal pra mim, além de ser esta grande festa de ternura e alegria, é a imensa festa do encontro. Encontro respeitoso, íntimo e transformador. Sabemos que todo encontro provoca em nós transformações. Se não nos toca em nada o encontro não aconteceu. E o Natal gerou a grande transformação do novo que a nós foi revelado: O Divino-Humano para favorecer o Humano-Divino. Tudo bem juntinho, bem íntimo (risos). Desta maneira tenho tentado me encontrar com este povo moçambicano.
Estive na comunidade de Namijaia no interior de nossa paróquia na festa luminosa do Natal. O povo nos aguardava para a missa e para os batizados das crianças que aqui são batizadas no tempo do Natal, muito significativo. Meu Natal foi sem energia (Luz), no calor e iluminado pelos relâmpagos, mas foi de uma claridade, uma simplicidade, uma ternura como certamente foi àquela noite onde o Menino-Deus foi colocado na manjedoura. Quantas crianças aqui nas mesmas condições do Menino-Deus, quantas mulheres aqui nas mesmas condições de nossa Mãe Maria. Foi um doce Natal de mistério. Aqui eles usam a palavra mirirya para falar mistério. Depois da celebração da noite fui descansar ao som acalentador dos batuques e cantos festivos.
Porém, também pude nas minhas simples meditações, me perceber e avaliar a luz do Natal do Senhor. E, ao mesmo tempo em que o Natal me deixa alegre sinto também um pouco de dor. É como aquele espinho na carne que fala o apóstolo Paulo. Pois vejo que embora o encontro de Deus com o homem tenha transformado nossa vida, ainda não consigo me encontrar com os meus irmãos e as irmãs com esta plenitude. E fiquei um pouco triste devido às limitações. Ainda não consigo comer tudo que eles comem, nem bebo boa parte da água que bebem, não consigo me comunicar na língua deles etc, estas coisas me fizeram pensar que nosso encontro ainda está na superfície, afinal o Natal é encontro intimo, é identificação.
Por isso conto com a oração desta querida fraternidade, que sei que estão comigo nesta experiência missionária. Sei que não estou aqui sozinho. Rezem ao nosso Menino Deus que me ajude a cada dia me abrir mais a estes nossos irmãos e irmãs que são tão gratos pela nossa presença.
No mais vou ficando por aqui curtindo esta saudade que é sempre presente e esperançoso em nos encontrarmos brevemente.
Aquele Abraço e muitos risos sempre!
Feliz natal e bom retiro!
Pe. Badacer.