NAZARÉ:
A MENSAGEM DE FRATERNIDADE UNIVERSAL
DE CARLOS DE FOUCAULD HOJE
Aurelio SANZ BAEZA
PUC SÂO PAULO, junho 2016, Semana de Teologia
“Toda a nossa vida, embora seja muito silenciosa, a vida de Nazaré, a vida de deserto, como também a vida pública, devem ser uma pregação do Evangelho pelo exemplo; toda a nossa existência, todo nosso ser, deve gritar o Evangelho em cima dos telhados; toda nossa pessoa deve respirar a Jesus […] Todo nosso ser deve ser uma pregação viva, um reflexo de Jesus, um perfume de Jesus, algo que grita Jesus, que faz ver Jesus, que brilha como uma imagem de Jesus” [Carlos de FOUCAULD]
ONDE NOS LEVA O ESPÍRITO DE NAZARÉ
- A pôr nossas vidas encarnadas nas realidades que estamos vivendo.
- A viver a amizade com Jesus desde a adoração, a contemplação e o encontro com as pessoas (fraternidade, vizinhos, companheiros de trabalho, excluídos…)
- A converter-nos e ser seres humanos que necessitam dos outros e de Jesus.
- A estar com as pessoas de uma maneira simples, aprendendo delas, dos mais pequenos e humildes.
- A ver o mundo com os olhos de Jesus: aquele que não julga, o que escuta, o que perdoa, o que se preocupa que não falte o vinho e o pão, o que multiplica os pães e os peixes de nosso interior em benefício dos outros.
- A ter uma atitude de denúncia diante das injustiças que sofrem os demais.
- A não fugir dos problemas, os de fora e os de dentro, e responder como homens e mulheres íntegros.
- A deixar que Deus nos procure e nos convide ao banquete da alegria.
- Ao encontro fraterno com pessoas que não acreditam, ou não acreditam como nós, ou têm outra cultura ou outra língua.
- A não julgar nem viver de preconceitos.
«Deus, o Ser infinito, o Omnipotente, fazendo-se homem, o último dos homens»
COMO VIVER NAZARÉ HOJE
- Com o estilo de Nazaré: como Jesus viveu a maior parte de sua vida no meio de seus vizinhos. É estar com, não para fazer proselitismos.
- Em fraternidade.
- Optando pelos últimos.
- Sendo conscientes de nossas limitações na medida em que nos for possível.
- Não fugir de nós mesmos nem dos outros.
- Encarnar-nos na cultura onde estamos vivendo, mas sem deixar uma atitude crítica quando ela se contrapõe ao Evangelho.
«Estou ansioso por levar finalmente a vida que procuro desde há mais de sete anos, a que vislumbrei, adivinhei, andando pelas ruas que pisaram os pés de nosso Senhor, em Nazaré; pobre artesão perdido no abaixamento e na oscuridão».
QUE DIZ HOJE Á IGREJA A MENSAGEM DO IRMÃO CARLOS
- Não encaixa no perfil de santo ou santa ao que estamos habituados
- Abre um espaço de contemplação dentro de um sistema onde tudo está organizado
- Um novo sentido da missão desde o estar tornando Jesus presente em realidades diversas.
- Nos põe no lugar onde somos chamados por vocação, não onde gostávamos de estar.
- Procura o último lugar entre os mais abandonados, nas periferias, onde se vive com meios pobres, sem deslumbrar ninguém.
- Ajuda a lutar pelos Direitos Humanos dos povos e das pessoas em exclusão, dos que sofrem.
«Para mim, buscar sempre o último dos últimos lugares, para ser tão pequeno como meu Mestre, para caminhar com Ele, passo a passo, como discípulo fiel, para viver com meu Deus que viveu assim toda sua vida e me da este exemplo desde seu nascimento».
COMO O PAPA FRANCISCO RECONHECE AS INTUIÇÕES DELE
- A alegria que jorra do encontro com Jesus
- O impulso da missão, que passa pela amizade e a familiaridade com o povo que nos é confiado (referência a “cheirar á ovelha”)
- O desejo de uma Igreja capaz de “sair ás periferias”, as geográficas e as existenciais
- A proposta de “uma Igreja para e com os pobres”
- A importância da misericórdia com todos os feridos pela vida
«Deveis estar impregnados do Evangelho de Jesus até ao ponto de ser capazes, com toda independência, de afirmar frente ás potências e ás ideologias deste mundo os valores que são verdadeiramente indispensáveis para garantir a transcendência e os direitos essenciais da pessoa humana. Não podeis calar aos homens os que Cristo lhes diria se ele pudesse expressar-se por vossa boca e testemunhar por vossas atitudes. Para isso vos escolheu e vos chamou» (René VOILLAUME, “Evangelho, Política e Violência”)
SUA MENSAGEM DE FRATERNIDADE UNIVERSAL
- Respeitar outras culturas, religiões, formas de vida…
- Viver no meio do que é difícil e das situações de risco
- Dar um sentido á vida pessoal e comunitária
- Saber estar desde os meios pobres e simples junto aos mais necessitados
- Ser Igreja missionária e samaritana, necessitada do Espírito e de uma renovação (papa Francisco)
- Deixar-nos ler o coração pelos outros, como lemos coração deles e nos ajudamos mutuamente a crescer em nosso interior
- Um chamamento social e político para não instalar-nos em ideias fixas
- Viver o Evangelho desde as coisas e detalhes humanos pequenos, sem fazer que todo o mundo deva entrar onde gostamos ou cremos que é o melhor
Nazaré nos ajuda a conviver sem julgar, a viver em contemplação com nossos espaços pessoais e os espaços dos outros: seu coração, seus sonhos, sua vida. O espírito de Nazaré, assim, insta-nos a revisar a vida contemplando-a, para amar a vida própria e a dos demais como o grande presente amoroso de Deus, quando experimentamos a gratuidade. Só estamos em Nazaré quando não o idealizamos e aceitamos Jesus como vizinho ou companheiro de nosso lar, de nossas horas e de nosso futuro, como copiloto de nosso veículo ou acompanhante em nossas visitas ou nossas reuniões.
Fundamentalmente Nazaré é “ESTAR COM”, como Jesus, como Carlos de FOUCAULD.
Aurelio SANZ BAEZA,
irmão responsável da fraternidade sacerdotal
Iesus Caritas
(Muito obrigado, irmãzinha Josefa, para a tradução)